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27 abr 2024 17:27


Policiais Militares do DF pedem mais unidades de saúde para atendimentos a pacientes com Covid-19

Com número crescente de óbitos entre efetivos da Polícia Militar e seus familiares, corporação questiona atendimento de saúde restrito ao Hospital Maria Auxiliadora

Por Kleber Karpov

Com as constantes mortes no efetivo da Polícia Militar do DF (PMDF), vítimas de covid-19 no DF, em grupos fechados do aplicativo Whatsapp, policiais militares pedem mais unidades de saúde para atender a corporação. Política Distrital (PD), foi acionado por um oficial da PMDF que explicou o receio da corporação em relação ao atendimento restrito ao Hospital Maria Auxiliadora, situada na Região Administrativa do Gama, dado a situação de pandemia do coronavírus.

Sob pedido de sigilo de identidade, o oficial explicou que tanto oficiais, quanto praças estão com medo, pois contam com uma corporação, atualmente com aproximadamente 10 mil PMs na ativa, além dos familiares, pensionistas com os respectivos parentes, todos dependentes de uma única unidade de saúde para atendimento.

O oficial faz um contraponto da situação dos PMs, com os colegas do Corpo de Bombeiros do DF (CMBDF), por contar com ao menos sete unidades de saúde para atendimento da corporação. “O corpo de Bombeiros tem sete hospitais de convênios, por que essa diferença? Nós só temos um, para milhares de pessoas da ativa, familiares, pensionistas e seus parentes também. Um hospital só, abarrotado de gente. Há algo muito errado nisso.”, questionou.

Demandas

A crítica do oficial se justifica, com base em documento a que PD teve acesso a um relatório da PMDF, de 19 de março, sobre as políticas voltadas a saúde, praticadas pelo CBMDF. Nele um quadro comparativo entre os efetivos da PMDF, com os Bombeiros demonstra a discrepância entre os dois serviços de segurança pública.

A PMDF, à época com um efetivo de 9654 policiais militares, contava com 1964 membros contaminados por Covid-19, equivalente a 19% do efetivo. Em contrapartida o CBMDF, com 5.800 bombeiros,  estava com 1.500 pessoas, ou seja, 26% da corporação contaminada pelo coronavírus.

Porém, quando se trata do número de óbitos, os números se invertem. Naquele momento, o CBMDF contabiliza apenas um óbito, equivalente a 0,017%, com a morte do  2° SGT Wanderlan Gonçalves da Silva, do 17° Grupamento de Bombeiro Militar de São Sebastião. A PMDF, for sua vez, somava 18 (0,19%) policiais mortos.

Porém, se a capacidade de dar acesso rápido a tratamento, por meio de uma unidade de saúde, os Bombeiros contam com os hospitais: Maria Auxiliadora, Santa Lúcia Sul, Santa Marta, Anchieta, Daeher, Home, São Francisco.

A PMDF, por sua vez, apenas com uma unidade e, descentralizada, pois situada no extremo sul do Distrito Federal, policiais que eventualmente morem no extremo oposto, em Planaltina, por exemplo, podem levar mais de uma hora de deslocamento até o Maria Auxiliadora, no Gama.

Fonte: Reprodução/PMDF

Veja o documento na íntegra

Policiais Militares do DF pedem mais unidades de saúde para atendimentos a pacientes com Covid-19 by Kleber Karpov on Scribd

Óbitos

Em 21 de março, PD publicou a reportagem intitulada “Três, de alguns elos: Mãe e filha, uma Enfermeira e um paciente, policial militar, todos do DF refletem o drama de milhões de brasileiros, em que abordou o drama e o apelo do sargento da reserva, integrante da banda de música da PMDF, Wesley Pereira de Andrade, internado no Hospital Maria Auxiliadora, pouco antes de vir a óbito, pediu por ajuda.

Embora não informe a ‘causa mortis’, desde o óbito de Andrade, o site da PMDF aponta Nota de Pesar, para outros 16 PMs, muitos têm em comum, a internação no Hospital Maria Auxiliadora. Vale observar, que tais notas, não têm inclusas os nomes, por exemplo, os nomes sargentos, M. Rocha e Levi, que também se tornaram vítimas, na sexta-feira (2/Abr), da Covid-19.

Fonte: Site PMDF

Situação crítica

Para o oficial da PM que conversou com PD, policiais e familiares questionam o que classifica como ‘situação extremamente crítica’, em relação ao tratamento ofertado aos policiais militares, por parte do hospital Maria Auxiliadora.

“Nos grupos de Whatsapp, de policiais e de parentes que estão entrando, pois o policial morre e ele [parente] toma o lugar no grupo, eles falam absurdo do hospital, sem atendimento, sem tratamento adequado, não sei se estão cumprindo o protocolo, tinha que ter uma interferência imediata em cima do gestor.”, disse.

Ainda de acordo com o oficial, a troca do comando da PMDF, pode ser para se ampliar a quantidade de unidades de saúde, a serem ofertadas à Polícia Militar. Tal referencia se deu, em relação a nomeação, na sexta-feira (2/Abr),  pelo governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), do novo comandante-geral da PMDF, o coronel e ex-subsecretário de Operações Integradas (SOPI), Marcio Cavalcante de Vasconcelos.

“É importante que o nosso novo comandante, veja essa questão da Saúde como prioritária, pois estamos no meio de uma pandemia. Há oficiais, praças ativos e na reserva, além dos familiares e pensionistas, que estão na reserva e que precisam do serviço de saúde.

Ministério Público

Um áudio que circula por grupos de policiais militares, atribuído ao Presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal (ASOF/PMDF), coronel Eduardo Nime, aponta a intenção de acionar a Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus), do  Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), para solicitar uma auditoria junto ao Hospital Maria Auxiliadora. A intenção era saber o que ocorre naquela unidade de saúde, em relação aos atendimentos dos policiais militares.

“Eu como ASOF vou estar promovendo uma representação agora, ainda hoje, para a gente saber o que está acontecendo lá. E aí preciso de seu apoio, que você me mandasse aqui, todas as reclamações que você está recebendo, todos os comentários dos policiais, das famílias, para a gente poder juntar na representação que vou fazer a representação, ainda hoje, ao Provida, do Ministério Público, pedindo uma auditoria, para a gente poder saber ao certo o que está acontecendo lá.”.

O que dizem as partes

PD entrou em contato com as assessorias de Imprensa da PMDF, do Hospital Santa Marta e da AOSF, porém, até o momento de publicação da reportagem, nenhum posicionamento foi recebido.

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