Por Kleber Karpov
O Tesouro Nacional vetou, nesta segunda-feira (02/Dez), a contratação de um empréstimo de R$ 20 bilhões pleiteado pelos Correios junto a um consórcio de bancos. A recusa fundamentou-se no custo financeiro da operação, considerado excessivo pela equipe econômica do governo federal ao ultrapassar o teto estipulado para a concessão de garantias da União.
O financiamento havia sido aprovado pelo Conselho de Administração da estatal no último sábado (29). O grupo de credores, coordenado por Banco do Brasil, Citibank, BTG Pactual, ABC Brasil e Safra, exigiu juros equivalentes a 136% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI).
Divergência nas taxas
O índice cobrado supera o limite de 120% do CDI fixado pelo governo para avalizar operações de crédito com prazo de dez anos. Com a atual taxa Selic em 15% ao ano, a proposta dos bancos representaria um custo anual próximo de 20%, enquanto o teto aceito pelo Tesouro giraria em torno de 18%.
A decisão foi comunicada ao presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, durante reunião no Ministério da Fazenda. Sem o aval do Tesouro, a empresa perde a cobertura federal contra eventual inadimplência, o que eleva o risco para os financiadores e inviabiliza a operação nos moldes atuais.
Alternativas e prejuízo
A estatal agora enfrenta o desafio de renegociar as taxas para enquadrá-las no limite regulamentar ou aguardar um aporte direto de recursos públicos para cobrir o rombo nas contas. A companhia acumula um prejuízo de R$ 6,05 bilhões registrado apenas entre janeiro e setembro deste ano.
Em comunicado dirigido aos funcionários, a empresa confirmou o revés e indicou a continuidade das tratativas.
“A Diretoria Executiva segue trabalhando, em conjunto com os ministérios, na avaliação de alternativas que reforcem a liquidez imediata dos Correios, assegurando o andamento das iniciativas necessárias para a recuperação financeira da estatal”, informou a nota.
Plano de reestruturação
A captação de recursos integrava a estratégia de saneamento da empresa, em discussão desde outubro. O plano de recuperação exige contrapartidas severas, incluindo o fechamento de mil agências, a venda de R$ 1,5 bilhão em imóveis e a implementação de um programa de demissão voluntária.
O montante de R$ 20 bilhões seria utilizado prioritariamente para quitar dívidas com fornecedores, estimadas em R$ 1,8 bilhão, além de financiar a modernização do serviço de encomendas e buscar novas fontes de receita para a companhia.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










