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27 abr 2024 05:30


Funcionários do Sindsaúde-DF cobram cinco meses de salários atrasados

Sem dinheiro, sindicato pede gratuidade em ações na Justiça enquanto, há anos, contribuições dos sindicalizados são penhoradas, judicialmente, para pagamento de dívidas

Por Kleber Karpov

Ao menos uns três funcionários do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde do DF (SindSaúde-DF), acionaram Política Distrital (PD), há pouco mais de um mês, para denunciar o atraso, pelo quarto mês consecutivo, dos pagamentos dos salários. Em apuração de PD, no entanto, demonstra que os funcionários podem ter que permanecer por meses, ou até anos, sem que o SindSaúde-DF consiga pagar os salários dos trabalhadores.

O caso chama atenção pois segundo um dos funcionários, identificado pelo nome fictício de José, que pediu sigilo sobre a identidade por medo de retaliação, o SindSaúde tem uma receita mensal de mais de R$ 500 mil, proveniente de arrecadação dos sindicalizados da Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF). Porém, os repasses “não chegam porque são descontados dívidas de credores”.

Santa LAI

PD chegou a solicitar informações à SES-DF sobre os repasses, ao Sindsaúde-DF, dos descontos das contribuições sindicais dos sindicalizados, ao longo dos últimos seis meses. Porém, sem sucesso quanto aos questionamentos, o site obteve tais informações, relativo aos últimos 12 meses, ao recorrer à Lei de Acesso a Informação (LAI).

De acordo com a Diretoria de Pagamento de Pessoal (DIPAG), ao longo dos últimos 12 meses, toda a contribuição sindical dos sindicalizados foram penhorados, valores esses, destinados a pagar bloqueios judiciais de credores da entidade.

De maio de 2022, a maio de 2023, período contemplado na solicitação de PD via LAI, o SindSaúde recebeu R$ 1.70 milhões de servidores ativos e outros 5.81 milhões de inativos da SES-DF. Do montante, 100% das contribuições dos Sindicalizados, foram penhoradas para pagamento de dívidas cobradas na Justiça equivalente a R$ 7,51 milhões. Se somado, também o desconto de junho, segundo informações recebidas , de R$ 544 mil, o valor total dos bloqueios ultrapassam de R$ 8 milhões.

Follow the money

José levanta questionamentos de assuntos e temas, em algumas ocasiões, abordados por PD. “Agora queria saber onde meteram o dinheiro dos precatórios do auxilio-alimentação, do INSS, pois quase 90% dos sindicalizados são aposentados e quando um ameaça deixar o sindicato, a ameaça de perderem o direito a ação. Onde meteram o dinheiro das contribuições que eles ganharam de todos os sindicatos? Sabia que não tem mais nem as salas do Sindicato?”, questionou.

A referência de José se dá, por exemplo, em relação a ações que o próprio Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), chegou a aceitar denúncia, em 2019, contra o SindSaúde, já presidido por Marli Rodrigues, em relação a venda de precatórios da ação do auxílio-alimentação, dentre os tantos compradores, à Cia Toy Brinquedos, por, hipoteticamente, deixar de pagar os sindicalizados. Algo que, à época, a entidade justificou como estar a fazer tais pagamentos, de forma cautelosa, sem publicitar no site da entidade para evitar golpes aos sindicalizados, que aparentemente o MPDFT ʽcomprou a justificativaʼ.

Expectativa x fundo do poço

Ao Política Distrital, José revelou que há, por parte do Sindicato, promessa de pagamento dos salários, agora com cinco meses de atrasos, para outubro desse ano. Porém, uma fonte de PD, também sob sigilo de identidade, aponta que o ʽburacoʼ do SindSaúde-DF, é bem mais fundo. Isso porque tais bloqueios ocorrem, ainda antes de 2019 e, segundo as previsões, devem chegar ao ano de 2027.

A situação caótica explica, por exemplo, o SindSaúde, que em tempos áureos chegou a ser a entidade sindical, ligada à saúde, de maior prestígio no Distrito Federal, chegar ao ponto de pedir gratuidade na Justiça em ações movidas recentemente pelo sindicato.

Respostas ou follow the money II

PD acionou o SindSaúde para que se posicionasse sobre a denúncia de José, porém a entidade não se manifestou, até o momento da publicação da matéria. Enquanto isso fica em aberto, questionamentos do colaborador do sindicato que Política Distrital deve abordar em outras edições.

“Enquanto a gente está a cinco meses sem receber salário, e já tivemos um colega que entrou em depressão profunda, tem gente de nariz empinado, ostentando plástica, lentes de porcelanas milionárias, andando em carro de luxo e frequentando lugares requintados. Tem gente que comprou big fazenda (com laranja), casa em Miami ali, laboratório e clínicas de cosméticas acolá. E nós estamos aqui à míngua sem nossos salários, por cinco meses”, comentou desolado “não entendo como até hoje não pegaram e essas pessoas não estão presas”, concluiu José.

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