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29 abr 2024 02:42


Agente de Vigilância Ambiental é agredido, impedido de fazer vistoria e acusado de contaminar água de acampamento bolsonarista no QG do Exército de Brasília

Após agressões, manifestantes golpistas divulgam vídeo de fake news para dizer que servidor da Vigilância Ambiental contaminou água do acampamento

Publicado em 30/12/2022 às 00h54 – Atualizado em 30/12/2022 às 13h25

Por Kleber Karpov

Um Agente de Vigilância Ambiental em Saúde (AVA), não identificado, da parte da Diretoria de Vigilância Ambiental (DIVAL) da Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF), foi impedido de realizar, nesta quinta-feira (29/Dez), inspeção sanitária, no acampamento próximo ao Quartel-General do Exército, situado no Setor Militar Urbano (SMU), na capital do país. Questionado por coletar amostra de água para análise, bolsonaristas agrediram, xingaram e expulsaram o profissional de saúde do acampamento.

O caso foi registrado em vídeo, cedido ao Política Distrital (PD), por fonte, sob sigilo de identidade. As imagens registram a voz de uma mulher, a questionar o AVA, uniformizado e com crachá da SES-DF, sobre o motivo da coleta de amostra de água. Ao explicar,  a mulher iniciou sessão de xingamentos contra o profissional de saúde.

“Autorização de quem você recebeu para estar aqui? Sai fora, vai trabalhar fora daqui seu safado, seu mandado do Ibaneis, sai daqui seu vagabundo”, vociferou a bolsonarista.

O servidor chegou a pegar o celular para, ao que tudo indica, pedir socorro, mas imediatamente teve o celular jogado no chão sob xingamentos. “Sai daqui. Não vai filmar porra nenhuma não. Sai daqui.”. Ocasião em que foi cercado por um grupo de três homens, um deles com um pedaço de pau em uma das mãos, forçando a ida do servidor da SESDF para a caminhonete da Vigilância Sanitária.

 

Fake News

Estranhamente, após o episódio, os manifestantes golpistas publicaram um vídeo em que uma mulher, acampada no QG do Exército, divulgou uma fake news sobre o caso, com a chamada “Criminosos da esquerda estão indo nos acampamentos tentando envenenar as caixas d’água para matar os patriotas.”.

No vídeo a mulher, não identificada, relata o caso da visita do AVA ao acampamento, porém sob a versão conspiratória, em que sugeriu que o servidor público estava a contaminar a água dos “patriotas”.

“Uma pessoa caracterizada como funcionária da dengue, para fazer o controle de larvas, veio até a caixa d’água e derramou um produto aqui dentro, e quando nós fomos abordar e perguntar o que ele estava fazendo, ele já estava tremendo, muito nervoso, ficou alterado, e queremos dar um alerta para vocês que estão nos acampamentos, não permitam a aproximação de qualquer pessoa que vem com essa conversa porque o intuito deles é colher a água que é aparada da chuva para dizer que nós estamos oferecendo água contaminada e também contaminar a água.”.

No entanto, estranhamente a mulher, se esqueceu de mencionar que coagiram o servidor da SESDF e o colocaram para correr, até a caminhonete devidamente caracterizada, da Vigilância Ambiental do DF.

Confira o vídeo da fake news publicado por bolsonaristas nas redes sociais:

 

Solidariedade

Nas redes sociais e grupos de Whatsapp, servidores se solidarizaram com o servidor da SES-DF, agredido pelos manifestantes no QG do Exército.

“Muito triste vê um colega nosso trabalhando e sendo tratado dessa forma, eu espero que no mínimo a polícia voltou e prendeu essa louca por agressão! Espero que responda criminalmente! Está fazendo apenas o trabalho dele atribuições que lhe cabe!  Pessoas que defendem ou tentam justificar um falto desse, quero vê quando um paciente ou acompanhante tratam mal rapidamente aciona o sindicato que foram agredidos!!! Ninguém merece passar por isso!!’ Entristece o coração, já sabemos o tanto que as coisas não são fáceis para nós da saúde e ainda passar por uma situação dessa!!”, disse uma servidora em um grupo de servidores da SES-DF.

Uma outra servidora ponderou para a falta de coerência. “É engraçado que quem trabalha é chamado de vagabundo, e esse monte de desocupados que estão nessas barracas são o que mesmo?? Que tipo de pátria é essa que eles defendem???Monte de loucos!”, questionou.

Riscos de contaminação

Em decorrência das condições precárias, as diretorias de Vigilância Sanitária (DIVISA) e de Vigilância Ambiental (DIVAL) da SES-DF, tentam fazer o monitoramento constante da área ocupada pelos manifestantes acampados, há cerca de 60 dias, em frente ao QG do Exército. Isso, em decorrência do risco de o local se tornar vetor de disseminação de mais contaminações de doenças.

Segundo a fonte que conversou com PD, os riscos vão desde a contaminação com o vírus da covid-19, como ainda pelo vírus da Dengue, H1N1, H3N2, proveniente de picada do mosquito do Aedes Aegipty, como ainda haver contaminações de Leptospirose, que ocorre por meio da exposição à urina de ratos, frequente com enxurradas das chuvas.

Agressão é crime

Sem entrar no mérito de eventuais crimes que sejam cometidos e da legitimidade, ou não, das motivações que motivaram o acampamento nas proximidades do QG do Exército, uma advogada que conversou com PD, também sob sigilo de identidade, explicou que ao ofender e agredir física ou verbalmente, um servidor público no exercício da profissão é crime de desacato, previsto no Artigo 331 do Código Penal Brasileiro (CPB), com pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

Sob essa ótica a manifestação de outra servidora da SES-DF em relação as agressões, tiveram amplo apoio.

O que diz a SES-DF?

Política Distrital acionou a SES-DF sobre o episódio e, em resposta ao PD, A a Assessoria de Comunicação da SES-DF informou, nesta sexta-feira (30/Dez), se solidarizou com o AVA, “agredido durante ação de inspeção de rotina para a localização de possíveis focos de mosquito da dengue, como ocorre diariamente em todas as regiões administrativas do DF, especialmente em épocas de chuva.”, enfatizou ao ratificar, também, que tais agressores podem incorrer na prática de crime previsto no Artigo 331 do CPB, por desacata a servidor público no exercício da função.

A SES-DF, esclareceu ainda que ao tomar conhecimento da agressão, a diretoria de Vigilância Ambiental quanto a gestão da SES-DF se dirigiram à delegacia de polícia, juntamente com o servidor e registraram um Boletim de Ocorrência (BO). “Tanto a diretoria de Vigilância Ambiental quanto a Gestão da  SES/DF já tomaram ciência do ocorrido. A chefe do Núcleo se dirigiu para a delegacia com o referido servidor, onde um Boletim de Ocorrência foi registrado.”.



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