Por Kleber Karpov
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a soberania digital e o fortalecimento da base industrial de países em desenvolvimento durante a Cúpula de Líderes do G20, realizada neste domingo (23/Nov), em Joanesburgo. Em discurso no painel sobre futuro equitativo, o líder brasileiro associou a exploração de minerais críticos à inovação tecnológica e cobrou a regulação global da inteligência artificial (IA).
Valor agregado
Lula destacou que as nações detentoras de grandes reservas minerais não devem atuar apenas como exportadoras de matéria-prima. A transição energética, segundo o presidente, precisa impulsionar a industrialização local e o domínio tecnológico, evitando que esses países permaneçam à margem da inovação.
A soberania não seria medida apenas pela quantidade de depósitos naturais, mas pela capacidade de reverter esses recursos em benefícios sociais. O presidente citou a criação do Conselho Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos no Brasil como exemplo de política para agregar valor e conhecimento à produção mineral.
“Os países com grande concentração de reservas de minerais não podem ser vistos como meros fornecedores, enquanto seguem à margem da inovação tecnológica”, declarou Lula.
Desigualdade digital
Ao abordar a inteligência artificial, o presidente reconheceu a tecnologia como uma oportunidade, mas alertou para a disparidade no acesso. Dados apresentados indicam que 2,6 bilhões de pessoas estão desconectadas do mundo digital, com taxas de acesso à internet inferiores a 30% em nações de baixa renda.
O controle de algoritmos e infraestruturas por poucos atores globais pode gerar exclusão e configurar uma nova forma de dominação. Para mitigar esse risco, Lula defendeu que a Organização das Nações Unidas (ONU) assuma a centralidade no debate sobre a governança mundial da IA.
“Quando poucos controlam algoritmos, dados e infraestruturas, a inovação passa a gerar exclusão. É fundamental evitar uma nova forma de colonialismo: o digital”, afirmou.
Proteção ao trabalho
O impacto da tecnologia no mercado de trabalho também integrou o discurso, com ênfase na proteção de direitos. Cerca de 40% dos trabalhadores globais ocupam funções expostas à inteligência artificial, o que exige medidas para garantir que a automação não resulte em precarização.
Cada avanço tecnológico, como painéis solares ou novas linhas de código, deve carregar a marca da inclusão social. A tecnologia precisa fortalecer direitos humanos e trabalhistas, assegurando que o progresso seja compartilhado e sustentável.
Agenda diplomática
Além dos debates em painéis, a agenda na África do Sul incluiu reuniões estratégicas. No sábado, Lula manteve encontro bilateral com o chanceler da Alemanha, Friedrich Merz. Já neste domingo, reuniu-se com o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, na Cúpula do IBAS.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










