Por Kleber Karpov
O Distrito Federal registrou a solução de 94% dos casos de pessoas desaparecidas entre janeiro e setembro de 2025. O índice, divulgado pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF), mantém a capital como referência nacional, após alcançar 98% de localizações em 2024. O resultado é atribuído a uma política pública integrada que utiliza tecnologia e acolhimento humanizado, embora o baixo volume de registros imediatos permaneça um desafio.
Fator tempo
Apesar do sucesso, o secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, alerta que o desafio persiste no tempo de registro. Apenas 42% dos casos são comunicados nas primeiras 24 horas, período considerado decisivo pelas autoridades.
“A forma como a família age nas primeiras horas pode definir o desfecho do caso. Por isso, pedimos que o registro seja feito imediatamente e da maneira mais completa possível. Não espere 24 horas”, orienta Sandro Avelar.
A primeira-dama do DF, Mayara Noronha Rocha, reforça o aspecto humanizado da política pública implementada. “O percentual de localização acima de 90% é resultado de um trabalho integrado e de uma política pública sólida, que coloca cada vida como prioridade. O programa de desaparecidos demonstra que, com união e comprometimento, é possível transformar dor em reencontros e esperança. Por trás de cada número está uma história, uma família e uma vida reencontrada”.
O secretário-executivo institucional de Políticas de Segurança Pública, Paulo André Vieira, destacou a importância das ações conjuntas entre o poder público e a sociedade civil. “Essa parceria vem garantindo avanços no enfrentamento ao desaparecimento de pessoas no DF. Com tecnologia, acolhimento e prevenção, não tenho dúvida de que vamos garantir respostas cada vez mais rápidas e humanizadas às famílias que vivem essa dor”, disse Paulo André Vieira.
Protocolos e dados

Representantes da SSP-DF reforçam que não é necessário aguardar 24 horas para comunicar um desaparecimento. O registro pode ser feito imediatamente pelo 190, na delegacia mais próxima ou por meio da Delegacia Eletrônica.
No registro, é essencial incluir o máximo de informações possíveis, como foto recente, características físicas, roupas usadas no momento do desaparecimento, condições médicas ou emocionais e o último local onde a pessoa foi vista.
De janeiro a setembro de 2025, o DF registrou 1.666 desaparecimentos e localizou 1.573 pessoas. O tempo médio para o registro foi de 93 horas e 20 minutos. O perfil das vítimas mostra que 64% são homens e 36% mulheres. A faixa etária predominante é de 30 a 59 anos (43%), seguida por menores de idade (24%).
Divulgação e acolhimento
Autoridades alertam para a divulgação responsável de informações nas redes sociais. Jasiel Fernandes, subsecretário de Integração em Políticas de Segurança Pública, adverte contra a publicação de contatos pessoais para evitar golpes. “O compartilhamento de telefones pessoais da vítima ou de familiares não é recomendado, a fim de evitar golpes e preservar a segurança. É fundamental que a família e amigos divulguem informações em conformidade com as autoridades policiais, para que não se tornem vítimas de chantagens e extorsões”.
A Subsecretaria de Integração em Políticas de Segurança Pública (Subisp) administra o perfil oficial @desaparecidos_df para a divulgação padronizada. O DF utiliza a Rede de Atenção Humanizada de Pessoas Desaparecidas, que oferece suporte jurídico e psicológico, e o Protocolo Sinal de Busca Imediata, que compartilha a imagem do desaparecido com mais de 30 órgãos.
Coleta de DNA

Em agosto, o DF participou da Campanha Nacional de Coleta de DNA de Familiares de Pessoas Desaparecidas, promovida pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). A Polícia Civil do DF (PCDF), por meio do Instituto de Pesquisa de DNA Forense (IPDNA), realizou a coleta.
Neste ano, 56 familiares (42 famílias) doaram amostras. O material permite o cruzamento de dados genéticos no Banco Nacional de Perfis Genéticos (BNPG) para comparar com pessoas falecidas não identificadas.
Samuel Ferreira, diretor do IPDNA, ressaltou que as coletas são rotineiras, independentemente das campanhas. “As campanhas de coleta de DNA de familiares de pessoas desaparecidas são fundamentais para divulgar o tema e mobilizar familiares, instituições, sociedade e mídia. Mas é importante ressaltar que as coletas de material genético são rotineiras e podem ser feitas normalmente, independentemente das campanhas, de segunda a sexta-feira, no próprio instituto”.
Canais para agendamento

Para agendar a coleta, os familiares devem registrar a ocorrência de desaparecimento em uma delegacia de polícia. A própria unidade poderá realizar o agendamento no IPDNA.
• Telefones: (61) 3207-4365 / 4367
• Celular / WhatsApp: (61) 98253-8016
• E-mail: [email protected]
“No Distrito Federal, cada reencontro representa mais do que um dado estatístico — é a prova de que a integração entre tecnologia, sensibilidade e compromisso público pode transformar dor em reencontro e esperança em política de Estado”, conclui Avelar.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










