22.5 C
Brasília
05 dez 2025 13:36

Alckmin homenageia Vladimir Herzog em ato de 50 anos: “Não esquecer para jamais se repetir”

Presidente em exercício discursa na Catedral da Sé, reiterando compromisso com a democracia. Presidente do Superior Tribunal Militar pede perdão por erros judiciais da ditadura

Por Kleber Karpov

O presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, participou do ‘Ato Inter-religioso – 50 Anos por Vlado’ na noite de sábado, 25 de outubro (25/Out), na Catedral da Sé, no centro de São Paulo. O evento, que homenageou a memória do jornalista Vladimir Herzog, assassinado sob tortura nas dependências do DOI-CODI em 1975, buscou reafirmar o compromisso do Estado brasileiro com a democracia e a justiça. O simbolismo do ato foi reforçado pela presença de autoridades e pelo pedido público de perdão da Justiça Militar.

A frase “Não esquecer para jamais se repetir” foi utilizada pelo presidente em exercício para resumir o propósito da solenidade dedicada às vítimas da ditadura. O evento reeditou, no mesmo local, um ato ecumênico realizado cinco décadas atrás, logo após a confirmação da morte do jornalista.

Alckmin ressaltou que a reunião original, que congregou cerca de 8 mil pessoas, representou um marco da resistência. O ato de 1975 reuniu líderes como o cardeal dom Paulo Evaristo Arns, o rabino Henry Sobel e o reverendo Jaime Wright, sendo considerado um dos momentos inaugurais da retomada democrática brasileira.

“Há 50 anos, ao fim de um ato inter-religioso nesta mesma catedral, uma multidão saiu às ruas em silêncio. O silêncio não foi derivado do medo nem da omissão. Pelo contrário, representou o mais eloquente protesto, o mais retumbante grito de “basta” que merecia ser ouvido pela cruel ditadura. Aquela multidão silenciosa que saiu desta igreja fez desta Santa Sé o ponto inicial da caminhada pela redemocratização do Brasil”, disse Alckmin.

O presidente em exercício também mencionou a tentativa de ocultar a responsabilidade do Estado na morte do jornalista. Herzog, que exercia a direção de jornalismo da TV Cultura, compareceu espontaneamente à sede do DOI-CODI, na Vila Mariana, na manhã de 25 de outubro de 1975, sendo assassinado logo depois.

“Nem a mais covarde das mentiras, forjada pela mais vil das tiranias, foi capaz de apagar a verdade truculenta que se abatera sobre o país. Assim como, na defesa da verdade, não houve lugar para a farsa do suicídio, da mesma forma, por amor à liberdade, jamais haverá lugar para o nosso esquecimento”, afirmou Alckmin.

O Estado e a Defesa da Democracia

O filho de Vladimir Herzog, Ivo Herzog, sublinhou que a presença do representante do Executivo Federal no ato simboliza a mudança na postura estatal. Ele relembrou a diferença entre o medo sentido no ato original e o apoio atual das autoridades.

“Há 50 anos, quando mais de 8 mil pessoas vieram a essa catedral demonstrar a indignação contra a barbárie cometida contra o meu pai, havia medo do Estado. Havia dezenas de atiradores de plantão aguardando que qualquer manifestação justificasse um massacre. Hoje, na pessoa do presidente em exercício Geraldo Alckmin, temos o Estado de mãos dadas com a gente, para reafirmar o compromisso com a democracia, com a justiça, com a verdade”, concluiu Herzog.

O presidente em exercício reforçou, ainda, o compromisso inabalável do governo na proteção da liberdade. Segundo Alckmin, a memória do jornalista segue viva e invoca a promessa de defesa dos valores sagrados da vida e dos direitos humanos.

“Por isso, reafirmo aqui, em nome do presidente Lula e em meu próprio, a nossa promessa e, muito mais que promessa, o nosso inabalável compromisso e perseverante empenho na defesa da verdade, da justiça e da democracia”, concluiu Alckmin.

O Perdão da Justiça Militar

Primeira mulher a ocupar a presidência do Superior Tribunal Militar, Elizabeth Rocha pediu perdão pelos erros e omissões judiciais durante o período da ditadura: ‘perdão a todos os que tombaram e sofreram lutando pela liberdade’. Foto: Cadu Gomes / VPR

Durante a cerimônia, ocorreu um momento de grande comoção com a manifestação da presidente do Superior Tribunal Militar (STM), Maria Elizabeth Rocha. Sendo a primeira mulher a ocupar o comando da instituição, a representante da Justiça Militar realizou um pedido formal de perdão.

A presidente Rocha pediu perdão pelos equívocos judiciários cometidos durante o período de exceção. A fala dela foi uma das mais aplaudidas pelo público presente no evento.

“Estou presente neste ato ecumênico de 2025 para, na qualidade de presidente da Justiça Militar da União, pedir perdão a todos os que tombaram e sofreram lutando pela liberdade. Pedir perdão pelos erros e as omissões judiciais cometidas durante a ditadura. Peço perdão a Vladimir Herzog e sua família, e a tantos outros homens e mulheres que sofreram com as torturas, as mortes, os desaparecimentos forçados e o exílio. Eu peço, enfim, perdão à sociedade brasileira e à história do país pelos equívocos judiciários cometidos pela Justiça Militar Federal em detrimento da democracia e favoráveis ao regime autoritário”, afirmou Rocha.

O ato, organizado pelo Instituto Vladimir Herzog e pela Comissão Arns, contou com a presença de religiosos, parlamentares e representantes de instituições de direitos humanos. Houve, ainda, apresentações do Coro Luther King e manifestações inter-religiosas lideradas por dom Odilo Pedro Scherer e o rabino Rav Uri Lam. Pessoas que participaram do primeiro ato, em 1975, receberam aplausos de pé ao serem homenageadas.




Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894 Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.

 

Primeira Turma do STF forma maioria para condenar cúpula da PMDF

Por Kleber Karpov A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal...

Flávio Dino veta repasse de emendas a Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem

Por Kleber Karpov O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal...

Parque do Cortado recebe 15 mil mudas do Cerrado no Dia de Plantar

Por Kleber Karpov O Governo do Distrito Federal (GDF) promove,...

IPVA terá reajuste médio de 1,72% e IPTU sobe 5,1% em 2026

Por Kleber Karpov A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF)...

GDF institui plano de emergência para enfrentar poluição crítica do ar

Por Kleber Karpov O Governo do Distrito Federal (GDF) oficializou,...

Motoristas de aplicativo DO DF devem instalar QR Code até 17 de dezembro

Por Kleber Karpov Os motoristas de transporte por aplicativo do...

Destaques

Celina Leão dialoga com categoria em assembleia dos GAPS e presidente do SindSaúde-DF aproveita ‘visibilidade’ para tripudiar com parceiros?

Por Kleber Karpov A vice-governadora do DF, Celina Leão (Progressistas),...

Primeira Turma do STF forma maioria para condenar cúpula da PMDF

Por Kleber Karpov A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal...

Flávio Dino veta repasse de emendas a Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem

Por Kleber Karpov O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal...

Parque do Cortado recebe 15 mil mudas do Cerrado no Dia de Plantar

Por Kleber Karpov O Governo do Distrito Federal (GDF) promove,...

IPVA terá reajuste médio de 1,72% e IPTU sobe 5,1% em 2026

Por Kleber Karpov A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF)...