Por Kleber Karpov
O saldo da carteira de crédito total do Brasil deve registrar um crescimento de 1,1% em setembro, segundo a Pesquisa Especial de Crédito da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Apesar da alta mensal, que supera o 0,5% registrado em agosto, a projeção indica uma desaceleração no ritmo de crescimento anual. A taxa deve recuar de 10,1% para 9,9%, retornando ao patamar de um dígito pela primeira vez desde maio de 2024.
A pesquisa é divulgada mensalmente como uma prévia da Nota de Crédito do Banco Central. As projeções são feitas com base em dados consolidados dos principais bancos do país. O Banco Central divulgará os números oficiais no próximo dia 29 de outubro.
Crédito corporativo impulsiona alta
De acordo com o levantamento, a alta de setembro deve-se à carteira destinada às empresas, com previsão de crescimento de 1,7%. O desempenho é impulsionado pelos recursos direcionados, que devem avançar 1,8%, sustentados por programas governamentais e recursos via BNDES. Esse resultado deve manter a carteira PJ Direcionada em aceleração anual, passando de 16,2% para 17,8%, o maior nível desde junho de 2021.
A carteira PJ com recursos livres deve subir 1,6% no mês, beneficiada pela sazonalidade positiva das linhas de descontos de recebíveis, que normalmente crescem no fim dos trimestres. De toda forma, o segmento livre deve seguir com baixo dinamismo, com alta em 12 meses de apenas 3,5%, ante 4,5% no mês anterior. A performance é afetada pela política monetária contracionista, a majoração da alíquota do IOF e a competição com as linhas de recursos direcionados.
Desempenho das famílias
O crédito destinado às famílias deve crescer 0,7% no mês, com altas similares entre as carteiras com recursos livres (+0,8%) e direcionados (+0,6%). A carteira livre deve manter a tendência de ligeira desaceleração em 12 meses, de 12,2% para 12,0%. A pesquisa aponta, contudo, a continuidade de uma piora na composição, com o crescimento sustentado por linhas de maior risco, como o rotativo.
Já a carteira PF Direcionada deve crescer bem abaixo do 1,5% registrado em setembro do ano passado. Com isso, o ritmo de expansão em 12 meses deve desacelerar para 9,1%, o menor nível desde julho de 2020. O desempenho é creditado à performance mais fraca do crédito rural, diante do aumento da inadimplência no setor.
Análise da Febraban
O diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban, Rubens Sardenberg, avaliou o cenário de desaceleração disseminada do crédito. “No geral, o resultado da pesquisa segue indicando uma desaceleração mais disseminada do crédito, cujo ritmo de crescimento deve ter caído para a faixa de 1 dígito em setembro. O crédito livre mantém trajetória mais clara de perda de fôlego, especialmente nas operações para empresas, que sente o impacto da majoração recente do IOF, além da política monetária contracionista”, destacou Sardenberg.
“Para as famílias, a direção é similar, mas com um ritmo de desaceleração mais contido, dado o aumento da participação de linhas mais arriscadas na carteira, o que naturalmente traz preocupações quanto à dinâmica da inadimplência. A exceção segue vindo do crédito direcionado às empresas, que continua impulsionado pelos programas públicos e recursos do BNDES, que tem contribuído para suavizar a desaceleração do crédito total”, complementou Sardenberg.
Concessões
As concessões de crédito devem apresentar expansão mensal de 8,9% em setembro. Ajustando pelo número de dias úteis, o resultado representa uma expansão de 3,9% na margem. A alta reflete, principalmente, o forte volume de operações com recursos direcionados (+5,9%), especialmente às empresas.
Na comparação com setembro de 2024, que elimina efeitos sazonais, o resultado indica uma alta de apenas 3,1%. Isso mantém a tendência de desaceleração do ritmo de expansão acumulado em 12 meses das concessões, que deve cair de 11,4% para 10,6%, reforçando os sinais de acomodação do crédito.
A íntegra da Pesquisa Especial de Crédito pode ser acessada neste link.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










