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05 dez 2025 04:32

Pesquisas brasileiras avançam no diagnóstico de Alzheimer

Doença pode ser diagnosticada por exames de sangue

Por Kleber Karpov

Estudos recentes realizados por cientistas brasileiros confirmaram o potencial de um exame de sangue para o diagnóstico da doença de Alzheimer. As análises destacam o desempenho da proteína p-tau217 como o principal biomarcador capaz de distinguir, através do sangue, indivíduos saudáveis de pessoas com a doença. As pesquisas, apoiadas pelo Instituto Serrapilheira, têm como objetivo validar o método para uso em larga escala no Sistema Único de Saúde (SUS).

Atualmente, o diagnóstico assistido por biomarcadores no Brasil depende de dois exames principais: o exame de líquor, um procedimento invasivo que exige uma punção lombar; e o exame de imagem (tomografia), que possui um custo elevado. Anteriormente, a detecção dependia apenas do exame clínico baseado nos sintomas do paciente.

Eduardo Zimmer, pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) apoiado pelo instituto, explica as limitações dos métodos atuais para a rede pública.

“Tanto o exame de líquor quanto a tomografia podem ser solicitados pelo médico para o diagnóstico da doença de Alzheimer assistido por biomarcadores. O problema é que quando pensamos num país como o Brasil, continental, com 160 milhões de pessoas que dependem do SUS, como vamos fazer esses exames em larga escala? Uma punção lombar necessita de infraestrutura, experiência e normalmente é o neurologista que faz. Já o exame de imagem é muito caro para usar no SUS em todo o país”, afirmou.

Biomarcador Promissor

A pesquisa, assinada por 23 pesquisadores, incluindo oito brasileiros como Zimmer e Wagner Brum (UFRGS), analisou mais de 110 estudos sobre o tema, abrangendo cerca de 30 mil pessoas. O estudo confirmou que a proteína p-tau217 no sangue é o biomarcador mais promissor para identificar o Alzheimer.

Os resultados, obtidos em análises de 59 pacientes e comparados ao “padrão ouro” (exame de líquor), apresentaram um alto nível de confiabilidade, acima de 90%. Este é o padrão recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Simultaneamente, um grupo de pesquisadores do Instituto D’Or (IDOR) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), incluindo os professores Sérgio Ferreira, Fernanda De Felice e Fernanda Tovar-Moll, desenvolveu um estudo semelhante com os mesmos resultados. “São duas regiões diferentes do país, com genética e características socioculturais completamente diferente e o exame funcionou muito bem”, destacou Zimmer.

Desafio de Saúde Pública

O diagnóstico precoce do Alzheimer é um dos maiores desafios de saúde pública globais. A OMS estima que 57 milhões de pessoas no mundo vivam com algum tipo de demência; destas, pelo menos 60% têm diagnóstico de Alzheimer. No Brasil, o Relatório Nacional sobre Demência (2024) estima 1,8 milhão de pessoas com a doença, número que pode triplicar até 2050.

No estudo, os cientistas também identificaram que a baixa escolaridade parece acentuar a doença, reforçando a hipótese de que fatores socioeconômicos e educacionais impactam o envelhecimento cerebral.

“A baixa escolaridade é um fator de risco muito importante para o declínio cognitivo, ficando acima de idade e sexo. Fizemos esse estudo no Brasil e o primeiro lugar disparado é a baixa escolaridade. No contexto biológico, a gente entende que o cérebro que é exposto a educação formal cria mais conexões. É como se a gente exercitasse o cérebro que fica mais resistente ao declínio cognitivo”, ressaltou o pesquisador.

Caminho para o SUS

Enquanto o diagnóstico por exame de sangue já é uma realidade na rede privada, com testes importados podendo custar até R$ 3,6 mil, o desenvolvimento de uma alternativa nacional e gratuita é visto como crucial.

O pesquisador Eduardo Zimmer explicou que a chegada do exame ao SUS depende de validações. “Precisamos de várias avaliações para entender onde as análises serão feitas, quando esses exames vão ser utilizados, que população será beneficiada, se vai acelerar ou não o diagnóstico no SUS”, disse.

Os resultados definitivos dos estudos atuais estarão disponíveis em cerca de dois anos. A próxima etapa incluirá estudos em pessoas com mais de 55 anos, visando mapear a fase pré-clínica da doença, quando ela se instala antes do aparecimento dos sintomas.




Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894 Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.

 

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