A vacinação contra a covid-19 em gestantes, além de proteger contra a infecção, reduz em 34% o risco de partos prematuros, aponta a maior revisão de estudos sobre o tema já realizada. Apresentado no Congresso da Sociedade Americana de Pediatria, o trabalho, que analisou dados de 1,2 milhão de gestantes, também concluiu que a imunização diminui as chances de morte fetal e anomalias congênitas.
A pesquisa, do tipo guarda-chuva (o maior nível de confiança científica), foi conduzida por pesquisadores da Universidade de Harvard e do Hospital Infantil de Boston. A análise de mais de 200 estudos primários revelou que a vacina diminui em 58% o risco de infecção pela covid-19 e também está associada a 25% menos bebês natimortos e 17% menos anomalias congênitas.
Risco aumentado na gestação
A presidente da Comissão Nacional de Vacinas da Febrasgo, Susana Fialho, ressalta a importância da proteção, dado o risco elevado que a covid-19 representa na gravidez. “A gestante tem alterações fisiológicas em vários sistemas. Por exemplo, há uma modulação do sistema imune para permitir a tolerância ao feto, e essa adaptação faz com que infecções sejam mais graves. A gestante também consome mais oxigênio e tem uma diminuição da reserva respiratória. Ela tem hipoxia mais rápido e é naturalmente hipercoagulável. Por conta dessas alterações, ela é um grupo de risco para a covid-19 e deve se vacinar.”
Proteção para o recém-nascido
Além de proteger a mãe, a vacina é a principal forma de resguardar os recém-nascidos, que só podem ser imunizados a partir dos seis meses. “Dados do Ministério da Saúde até 20 de setembro mostram que nós tivemos 1.125 óbitos por covid-19 este ano no Brasil, sendo 39 em crianças menores de 2 anos. E o bebê não pode ser vacinado antes dos 6 meses. Então, a forma de protegê-lo é vacinar a mãe na gestação, que vai fabricar anticorpos e proteger o nenê também”, afirma o pediatra Juarez Cunha, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Alerta de baixa cobertura
Apesar dos benefícios comprovados, a cobertura vacinal em gestantes no Brasil está perigosamente baixa. De acordo com o Ministério da Saúde, este ano foram aplicadas apenas 191 mil doses nesse público, menos de 10% do total de 2,3 milhões aplicadas no ano passado. Especialistas reforçam que a recomendação por parte dos profissionais de saúde é crucial para reverter o quadro e combater a desinformação.
“Uma das principais causas de hesitação vacinal, que é aquele adiamento ou a recusa da vacinação, é a falta de informação ou a informação incorreta. Essa história do autismo ser causado por vacinas, por exemplo, é uma história antiga, que a pessoa que inventou já foi desmascarada e foi totalmente retratado, porque não havia essa relação”, complementa Susana Fialho.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










