Por Kleber Karpov
Durante visita ao Brasil, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou, nesta quarta-feira (7), que o surto de dengue no país é parte da incidência de aumento de casos, significativos, da doença em escala global. Segundo Ghebreyesus, exceto na Europa, cerca de 80 países registraram em outros continentes contabilizaram, em 2023, cerca de 500 milhões de casos, a mais, além de 5 mil óbitos, em decorrências da doença.
O diretor da OMS também voltou a referenciar o impacto das condições climáticas, a exemplo do aquecimento global, atenuado ainda com o fenômeno El Niño, algo que contribui para o aumento de casos. Ghebreyesus lembrou ainda a chegada da vacina contra a dengue, além de elogiar a capacidade de produção desse insumo.
“O Brasil está fazendo seu melhor. Os esforços são em interromper a transmissão e em melhorar o controle da doença”, disse. “Temos a vacina e isso pode ser usado como uma das ferramentas de combate”, completou.
Proliferação do aedes aegypt
Importante ressalvar que o país e o quinto maior país em extensão territorial do mundo, maior na América do Sul, além de estar situado, geograficamente, em região tropical, o que epidemiologistas apontam serem fatores determinantes para o desenvolvimento e proliferação do aedes aegypti, mosquito transmissor do vírus da dengue, zika e chikungunya no país.
Nesse sentido, durante reunião realizada pela Comissão de Educação, Saúde e Cultura (CESC) Câmara Legislativa do DF (CLDF), em 2016, o epidemiologista do Núcleo de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da UnB, Pedro Tauil, já apontava outros fatores que também contribuem para a propagação da dengue no país. Dentre esses, a coleta e descarte inadequado de resíduos; a globalização, que trouxe um aumento de viagens para o transporte de pessoas e materiais; aumento da produção de pneus usados e o descarte incorreto; dificuldade de atender demandas de água e esgoto da população e a resistência do vetor aos larvicidas.
Na ocasião, Tauil também lembrou que não se trata de um problema exclusivo do Brasil, pois existiam cerca de 2,5 bilhões de pessoas no mundo que vivem em área onde há a presença do mosquito, além de apontar a necessidade de se aprimorar o diagnóstico laboral rápido, vacinas e larvicidas. “A luta vai ter que continuar”, finalizou.
Casos no Brasil
Atualmente o Brasil contabiliza, de acordo com informações do Sistema de Informação de Agravos de Notificação E-SUS Sinan da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde (MS), de 6 de fevereiro, o país soma 364,855 casos prováveis e 40 óbitos, por dengue.
Importante observar que o MS aponta, desde outubro de 2023, preocupação além de realizar alerta para os casos de dengue no Brasil, em especial a região Centro-Oeste e aos estados do Espírito Santo e Minas Gerais na Região Sudeste . Ocasião em que o ministério referenciava a posição da OMS.
Sob esse prisma, os olhares se voltam à capital do pais, uma vez que os dados epidemiológicos do MS apontam o DF, em primeiro lugar, no ranking nacional de casos de dengue, nesta quarta-feira (7/Fev), com um total de 49.012 casos notificados e 47.417 possíveis e um total de 11 óbitos.
Números esses, que de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF), colocam o Distrito Federal com cerca de 20% dos casos de todo o país. E, na esfera do DF, por sua vez, as Regiões Administrativas de Ceilândia e Pôr do Sol / Sol Nascente somam 40% de todos os casos na capital do Brasil, que por sua vez, concentra mais de 50% dos casos no mundo.
Distrito Federal
A exposição do diretor da OMS, ratifica algo que a vice-governadora do DF, Celina Leão (Progressista), tem explicado à população do DF, que enfrenta uma epidemia de dengue, que se trata de um problema global, em que o Brasil é o país mais afetado, e que para além da capital do país, outros estados brasileiros que também decretaram situação de emergência em saúde pública, a exemplo do Acre, Minas Gerais e Goiás.
“Não tenho dúvida que o Brasil inteiro está passando pelo mesmo problema e precisará de preparos, como nós estamos fazendo aqui para que vidas não sejam ceifadas. Mas há uma explicação científica, palestras estão sendo dadas.”, explicou Celina Leão.
Proatividade
A vice-governadora, ponderou ainda para a capacidade reativa e proativa do governo para mobilizar recursos estruturais e tentar reduzir o déficit de pessoal, com ações conjuntas de força-tarefa dos diversos órgãos do GDF de modo a atuar, em várias frentes, no enfrentamento, ao mosquito da dengue quanto ao atendimento.
Dentre as ações, valem ser destacadas, o recolhimento de entulhos e lixos, com apoio do Judiciário, que deu permissão a agentes do governo a adentrarem áreas particulares, para realizar fiscalização e remoções.
Se soma a essas ações, a assistência à saúde, c nomeação de Agentes de Vigilância Ambiental de Saúde (AVAS) e sinalização da secretária de Saúde, Lucilene Florêncio em relação a nomeação de outros profissionais de saúde. E ainda com a instalação de tendas de hidratação, de parceria com o Governo Federal, em que o Ministério da Defesa cedeu homens e infraestrutura, a exemplo do Hospital de Campanha instalado no sábado (3/Fev), na RA Ceilândia.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/Universidade de São Paulo (USP);
Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.