Por Kleber Karpov
As tentativas de fraude com uso de documentos de terceiros registraram um aumento superior a 100% no Brasil entre 2022 e 2025. O volume de ocorrências saltou de aproximadamente 19 mil para mais de 51 mil casos no acumulado deste ano. A consolidação do comércio eletrônico e a expansão das instituições financeiras digitais são apontados como vetores para a intensificação desse tipo de crime.
Os números integram um levantamento realizado pela CAF, empresa especializada em verificação inteligente de identidade. A análise revela uma escalada contínua das irregularidades, com um pico significativo em 2023, quando foram registradas mais de 66 mil tentativas. Em 2024, o índice recuou para 37 mil, voltando a subir no cenário atual.
A tecnologia utilizada no estudo, denominada Documentoscopia, combinou verificação automatizada e reconhecimento óptico de caracteres para examinar uma base de dados robusta. Apenas em 2025, a plataforma da empresa processou mais de 11 milhões de documentos para identificar padrões de adulteração.
Alvos preferenciais
O Registro Geral (RG) permanece como o documento mais vulnerável e visado por criminosos, concentrando 84% das tentativas de golpe em 2025. A existência de múltiplos modelos de cédulas de identidade estaduais em circulação dificulta a padronização da segurança e facilita a manipulação.
Outro dado relevante é o crescimento da participação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) nas estatísticas de fraude. A utilização indevida do documento de motorista passou de 8% do total de casos em 2022 para 14% no período atual, indicando uma diversificação nas estratégias dos fraudadores.
Vulnerabilidade sistêmica
Especialistas alertam que a dependência de processos manuais de verificação tornou-se obsoleta diante da sofisticação dos golpes. A adoção gradual da nova Carteira de Identidade Nacional (CIN) visa mitigar o problema, mas o passivo de documentos antigos ainda representa um risco elevado.
“O Brasil convive com inúmeras versões de RG em circulação, o que amplia a superfície de fraude. Isso torna inviável depender apenas de inspeção visual ou de processos manuais”, disse José Oliveira, diretor de tecnologia da Caf.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










