Por Kleber Karpov
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) iniciou a soltura de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, conhecidos como wolbitos, em dez regiões administrativas e em dois municípios goianos. A operação, realizada nesta quarta-feira (24/Set), busca impedir a transmissão de doenças como dengue, zika e chikungunya, utilizando os chamados “mosquitos amigos” como uma nova ferramenta de saúde pública.
Agentes de Vigilância Ambiental em Saúde (Avas) retiram os mosquitos da fábrica no Guará e seguem para pontos de soltura mapeados em Planaltina, Brazlândia, Sobradinho II, São Sebastião, Fercal, Estrutural, Varjão, Arapoanga, Paranoá e Itapoã, além de Luziânia e Valparaíso, em Goiás.
Para o morador da Estrutural, Caleb Ferreira, 23 anos, a iniciativa é uma novidade bem-vinda. “Achei muito interessante. É um negócio que eu nunca tinha ouvido falar”, comentou. A família dele conhece os riscos da doença de perto. “Minha mãe pegou dengue e quase morreu. Mudamos um bocado desde então, sempre virando os pneus, os potes, olhando as calhas”, refletiu.
Logística e planejamento
O chefe do Núcleo de Controle Químico e Biológico da SES-DF, Anderson Leocadio, destaca que a operação é meticulously planejada. “Todo o trabalho foi cuidadosamente planejado para chegar a cada comunidade. Há todo um planejamento logístico, desde a criação controlada dos insetos até o acompanhamento das solturas, para assegurar que cada região receba cobertura. Não se trata apenas de soltar mosquitos, é uma ferramenta inovadora de proteção à população”, explica.

Após a fase de soltura, o próximo passo será o monitoramento e a análise epidemiológica para verificar a eficácia do método. Experiências anteriores, como a de Niterói (RJ), demonstraram uma redução de mais de 80% nos casos de dengue após a liberação dos wolbitos.
Como funciona o método
A Wolbachia é uma bactéria natural que, presente no Aedes aegypti, impede o desenvolvimento dos vírus da dengue, zika e chikungunya. Os mosquitos com a bactéria, os wolbitos, são criados em ambiente controlado a partir de ovos vindos de Curitiba.
Uma vez soltos, eles se reproduzem com os mosquitos selvagens, transmitindo a Wolbachia para as futuras gerações. Quando um macho com a bactéria cruza com uma fêmea sem, os ovos não eclodem, o que ajuda a substituir a população de insetos transmissores por outra que não transmite doenças.
A SES-DF reforça, no entanto, que esta é apenas mais uma ferramenta de combate às arboviroses. A população deve manter os cuidados tradicionais, como evitar o acúmulo de água parada e usar repelentes.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










