Por Kleber Karpov
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, convidou formalmente os empresários da Malásia a investirem no Brasil durante a Reunião Empresarial Brasil-Malásia, realizada neste domingo (26/Out) em Kuala Lumpur. A iniciativa tem o propósito de expandir a corrente de comércio bilateral, que atinge o patamar de US$ 5,8 bilhões anuais, e atrair investimentos para setores estratégicos como o de semicondutores, biotecnologia e sustentabilidade. No evento, o vice-primeiro-ministro Sri Haji Fadillah bin Haji Yusof manifestou o desejo de intensificar as relações econômicas, projetando um fluxo comercial de US$ 7,7 bilhões até 2025.
Cooperação Bilateral
O chefe de Estado brasileiro enfatizou que o Brasil está “de braços abertos para receber empresários da Malásia”. Em sua análise, o papel de um presidente da República é, primordialmente, criar as oportunidades necessárias para que os empresários possam realizar novos negócios e construir parcerias sólidas.
O presidente Lula da Silva sublinhou que a troca deve ser recíproca, incentivando que os investidores malásios conheçam o Brasil e formem alianças com empresas nacionais, ao passo que companhias brasileiras também invistam no país asiático. Em uma de suas passagens, ele destacou a natureza do relacionamento internacional.
“Precisamos que os empresários da Malásia compareçam ao Brasil, conheçam o Brasil, construam parcerias com as empresas brasileiras que estão aqui. E que as empresas brasileiras que estão aqui conheçam melhor a Malásia, conheçam os empresários da Malásia e possam também fazer investimento aqui, porque política comercial é uma via de duas mãos, é um jogo de ganha-ganha”, concluiu Silva.
Como resultado da cooperação, autoridades brasileiras e malásias firmaram um memorando de entendimento com foco na área de biotecnologia. O documento abrange especificamente setores de inovação genética, cultivo de algas e o desenvolvimento de sustentabilidade.
Ademais, o presidente destacou o potencial do setor de semicondutores para uma colaboração mutuamente benéfica, unindo a expertise tecnológica da Malásia ao mercado em crescimento no Brasil.
O presidente citou o encontro com estudantes brasileiros que estão no país e se preparam para o futuro desta indústria. “É uma coisa que nós precisamos, inclusive para evitar o risco da indústria brasileira terminar ou diminuir a sua produção por falta de chip em qualquer momento de crise nacional”, observou.
Em referência à competência do país asiático, o chefe do Executivo Federal recordou o caso do sucesso da Malásia na produção de borracha a partir de uma muda de seringueira oriunda do Brasil. Ele relembrou a tentativa fracassada de Henry Ford no país, em 1912, parabenizando a Malásia por sua capacidade.
Pelo lado malasiano, o vice-primeiro-ministro Yusof exaltou a perspectiva de ampliação comercial. Ele afirmou que há uma forte vontade em aprofundar as relações negociais e econômicas, mirando a meta de US$ 7,7 bilhões no intercâmbio bilateral.
O presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, presente no evento, identificou oportunidades de cooperação em três áreas-chave: aviação comercial, defesa e segurança, e mobilidade aérea urbana. A Embraer, que já conta com mais de 300 aeronaves na região Ásia-Pacífico, possui uma base estabelecida em Singapura há 25 anos, o que facilita a expansão dos laços comerciais.
Diplomacia na ASEAN
Mais cedo, neste domingo, o presidente Lula da Silva participou da Cúpula Empresarial da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), sediada no Centro de Convenções MITEC. Na Cúpula, ele reforçou a importância da cooperação nas áreas de sustentabilidade, segurança alimentar e transformação digital.
O evento marca uma fase de consolidação nas relações entre o Brasil e o bloco, que hoje se configura como o quinto maior parceiro comercial brasileiro no mundo. O intercâmbio comercial saltou de US$ 3 bilhões em 2002 para US$ 37 bilhões em 2024, demonstrando a relevância estratégica da ASEAN para o país.
Durante a cúpula, o presidente enfatizou que o Brasil e a ASEAN partilham desafios e oportunidades, um ponto que fortalece a união entre os países que compõem o Sul Global. Em um momento de seu discurso, ele salientou a urgência da cooperação:
“Temos que trabalhar juntos para evitar que mudanças ampliem as assimetrias que existem entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento. Se não nos unirmos, falharemos com as 673 milhões de pessoas que ainda sofrem com a fome no mundo”, alertou Silva.
Em sua argumentação, o presidente afirmou que os países do Sul correm o risco de serem os mais atingidos pelos impactos ambientais e econômicos de grandes transformações globais que não tiveram participação histórica em causar. Ele defendeu uma nova ordem internacional, ancorada na cooperação e no multilateralismo.
A visita oficial do presidente brasileiro à Malásia, a primeira em três décadas e a primeira de Lula ao país, teve início no sábado, 25 de outubro, com uma reunião bilateral em Putrajaya com o primeiro-ministro Anwar Ibrahim. No encontro, foram firmados sete instrumentos de cooperação, incluindo acordos sobre pesquisa espacial, agricultura sustentável e ciência e inovação tecnológica.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.











