Por Kleber Karpov
O Ministério da Saúde deve lançar, nesta terça-feira (11/Nov), a primeira edição da Demografia da Enfermagem do Brasil. O estudo inédito deve apresentar uma radiografia do setor que concentra o maior número de postos de trabalho na área da saúde. A pesquisa, que cobre o período entre 2017 e 2022, registrou um aumento de quase 44% no total de postos de trabalho em cinco anos, passando de cerca de um milhão para aproximadamente 1,5 milhão de vínculos. O trabalho foi financiado com recursos do Ministério e realizado em parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Detalhes do panorama de trabalho
A pesquisa “Demografia e Mercado de Trabalho em Enfermagem no Brasil” deve fornecer uma base ampla de dados. Estes dados devem auxiliar gestores e entidades de saúde a elaborar ações e políticas voltadas ao provimento, gestão e valorização da enfermagem no país.
O secretário adjunto de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Jérzey Timóteo, que representou o Ministério da Saúde no evento de lançamento, afirmou que a produção do estudo demonstra o cuidado do Governo Federal com as necessidades dos trabalhadores. “Estamos em busca de um diagnóstico profundo da realidade da Enfermagem no Brasil e todas as suas matizes que fazem parte da realidade dos profissionais”, concluiu ele.
O secretário adjunto ainda destacou que o objetivo é gerar evidências que orientem decisões e ajudem a pensar políticas públicas baseadas em dados. A pesquisa deve ser estratégica para fortalecer o planejamento das ações e promover condições mais justas de trabalho.
Crescimento em todos os níveis
O estudo aponta que o total de postos de trabalho cresceu em todos os níveis de atenção à saúde. A atenção terciária (alta complexidade) teve o maior aumento absoluto no período, subindo 41%, de 635 mil para quase 900 mil postos de trabalho.
Houve também evolução significativa nas outras áreas. A atenção primária (atenção básica) e a atenção secundária (média complexidade) registraram crescimentos de 39,2% e 39%, respectivamente. O estudo revela que o setor público concentra a maior parte dos vínculos profissionais, atingindo 61,9% do total. As mulheres representam cerca de 85% da força de trabalho da enfermagem no Brasil.
Impacto da covid-19
O crescimento de contratações de enfermeiros e técnicos, especialmente no setor público a partir de 2020, tem de ser compatível com a necessidade de ampliação da resposta à pandemia de covid-19. O aumento exigiu mais investimentos em equipes para atender à alta demanda por serviços hospitalares, unidades de terapia intensiva e vacinação em massa.
O crescimento de enfermeiros (42%) e de técnicos (77%) no setor público da atenção primária, entre 2017 e 2022, reflete o esforço para ampliar o alcance da Estratégia de Saúde da Família.
Em termos regionais, todas as regiões do país registraram crescimento de postos de trabalho. O Centro-Oeste teve o maior aumento percentual, com 57,3%, seguido pelo Nordeste (46,3%) e Norte (43,8%). O Sudeste, apesar de ter o menor índice de crescimento percentual (34,9%), deve manter a maior concentração de postos de trabalho do país.
Remuneração e ensino
O estudo também tem de reforçar a predominância de vínculos formais de trabalho, sendo cerca de 67% sob regime celetista (CLT). A força de trabalho permanece majoritariamente feminina, com jornadas predominantes entre 31 e 40 horas semanais e uma média salarial entre dois e três salários mínimos.
Para diminuir as desigualdades de remuneração, o Ministério da Saúde deve operacionalizar a Assistência Financeira Complementar da União (AFC) desde 2023. A AFC deve ser o repasse de recursos federais para auxiliar no pagamento do piso salarial nacional da enfermagem. Somente em 2025, a previsão é de repasse de R$ 10,7 bilhões.
O estudo indica um crescimento elevado do setor privado no ensino de graduação e técnico, em especial ao aumento de vagas na modalidade de Ensino a Distância (EaD). Em 2022, o EaD tinha de corresponder a 50,3% das vagas ofertadas, fato que serviu de alerta para o governo federal. Recentemente, em maio de 2025, o governo federal publicou normas que proíbem a oferta de cursos de graduação de Enfermagem na modalidade EaD.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










