Por Kleber Karpov
A reumatologista Viviane Machicado Cavalcante, presidente da Sociedade Baiana de Reumatologia (Sobare), alertou para os persistentes desafios no combate ao chikungunya, mais de dez anos após os primeiros casos no país. Durante o Congresso Nacional de Reumatologia, que ocorre até este sábado (20/Set), em Salvador, a especialista destacou que o controle do mosquito transmissor e a falta de estrutura no sistema de saúde para atender os pacientes crônicos continuam sendo preocupações centrais.
Segundo Cavalcante, o Brasil ainda enfrenta muitos obstáculos para tratar e controlar a doença. “O primeiro destaque que temos é o controle desse vetor. A gente mora numa zona tropical e em que há dificuldade de controle por causa [da falta de] saneamento básico. E a gente precisa também de uma adequação do sistema de saúde para acompanhamento desses pacientes, principalmente na rede pública”, afirmou a médica.
Cenário epidemiológico
O alerta ocorre em um momento de alta incidência da doença nas Américas. A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) manifestou preocupação com surtos na Bolívia, Brasil e Paraguai. Até 09/Ago, a região registrou 212.029 casos suspeitos e 110 mortes. No Brasil, o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde aponta 121.803 casos e 113 óbitos confirmados até 17/Set deste ano.
“O Nordeste foi grande epicentro dessa doença, então foi aqui que os primeiros casos ocorreram”, explicou a especialista. “Hoje o vírus está espalhado por todo o Brasil e há descrição de que já houve cerca de sete grandes ondas epidêmicas detectadas no país nos últimos dez anos. No último ano, a gente teve, principalmente, os estados de Minas Gerais e de Mato Grosso do Sul, com um grande número de casos da doença.”
Incerteza sobre a vacina
Uma nova preocupação surgiu em relação à vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan e a farmacêutica Valneva. Aprovado pela Anvisa em abril para maiores de 18 anos, o imunizante teve sua licença suspensa em agosto nos Estados Unidos pela Food and Drug Administration (FDA) após relatos de efeitos adversos graves, incluindo hospitalizações e mortes.
“Essa notícia é recente, do final de agosto. Há cerca de um mês, os Estados Unidos, que têm essa vacina aprovada e que já estava em comercialização, suspendeu a licença do imunizante, porque foram evidenciados alguns casos de efeitos adversos relacionados à vacina, inclusive de encefalite idiopática. O FDA suspendeu a licença, só que a gente não sabe ainda qual vai ser o posicionamento da Anvisa em relação a isso”, afirmou Viviane Machicado.
A doença e a prevenção
A chikungunya é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que também transmite dengue e zika. Os sintomas mais comuns incluem febre alta e dores intensas nas articulações, que podem se tornar crônicas e durar anos. A principal forma de prevenção continua sendo o combate ao mosquito, com a eliminação de criadouros em água parada.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










