Por Kleber Karpov
A sanção do reajuste salarial das forças de segurança do Distrito Federal pelo governo federal repercutiu na gestão local. Em entrevista concedida ao Jornal da Band, a vice-governadora Celina Leão (Progressistas) classificou a medida como a maior recomposição histórica para a categoria. A gestora detalhou o processo de articulação política que envolveu o Governo do Distrito Federal (GDF), o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto para viabilizar o aumento nos vencimentos das polícias Civil e Militar e do Corpo de Bombeiros.
Celina Leão explicou que o processo exigiu a superação de divergências internas entre as corporações. Segundo a vice-governadora, a gestão local trabalhou para unificar os pleitos das diferentes categorias em uma proposta única. Iniciativa essa que teve início ainda durante o período em que ela ocupou o cargo de governadora interina e teve continuidade com o retorno do governador Ibaneis Rocha.
“Nós conseguimos o primeiro reajuste para tirar um pouco da diferença histórica que estava acontecendo, porque os outros governos anteriores não haviam encaminhado esse envio”, afirmou Celina Leão.
Recuperação de perdas salariais
O objetivo central da medida, de acordo com a vice-governadora, consiste na recuperação das perdas inflacionárias acumuladas ao longo dos anos. O Distrito Federal, que já ostentou os maiores salários da segurança pública no país, enfrentou um período de defasagem.
A gestora ressaltou que a recomposição devolve a atratividade e a dignidade aos profissionais da área. Embora ainda exista uma unidade da federação com remuneração superior, a meta do governo local é manter as forças do DF entre as mais bem pagas do Brasil.
“Para que a gente pudesse recuperar os índices salariais desses profissionais que estavam muito defasados. No Brasil inteiro nós já tivemos o maior salário e estávamos no pior salário”, disse Celina Leão.
Equiparação com a Polícia Federal
A vice-governadora esclareceu a questão da paridade com a Polícia Federal. O projeto original enviado pelo governador Ibaneis Rocha previa a equiparação total dos vencimentos.
No entanto, o governo federal realizou cortes na proposta inicial. Celina Leão informou que houve negociação com os sindicatos locais, que optaram por aceitar o reajuste proposto pela União, mesmo em patamar inferior ao desejado inicialmente pelo GDF.
Reforço no efetivo e infraestrutura
Além da questão salarial, a entrevista abordou a necessidade de recomposição do efetivo. A vice-governadora citou a aposentadoria de quase 5 mil agentes durante o governo passado, motivada pelo receio de mudanças nas regras previdenciárias. Para mitigar o déficit, o GDF realizou concursos públicos para a Polícia Civil e para o Corpo de Bombeiros. “Temos uma nomeação prevista aqui pro final desse ano de 1.100 homens”, anunciou a vice-governadora.
Investimentos em tecnologia e equipamentos também integram o planejamento estratégico. Foram entregues 120 novas viaturas recentemente. O governo local estuda ainda a implementação de um sistema de monitoramento por câmeras em todo o Distrito Federal, inspirado no modelo “Smart Sampa”, utilizado em São Paulo.
Combate à impunidade
Celina Leão defendeu um endurecimento na legislação penal para combater a reincidência criminal. Ela relatou ter levado a pauta diretamente ao presidente da República, ao lado do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro.
A vice-governadora criticou a soltura rápida de criminosos com múltiplas passagens pela polícia e classificou a situação como um “absurdo” que desestimula o trabalho policial e gera insegurança na população. “Ninguém aguenta mais essa impunidade. Ninguém aguenta mais ficar preso — vocês noticiam isso todos os dias —, a população presa e o bandido solto”, declarou.
Reajustes
Segundo informações da Secretaria de Estado de Economia do DF (SEEC-DF), tias reajustes devem ter um impacto nos próximos anos. Em 2025, a projeção é de R$ 193.082.394, desses com destinação de R$ 52.339.184 à Polícia Civil do DF (PCDF), R$ 41.779.223 ao Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF) e R$ 98.963.987 à Polícia Militar do DF (PMDF).
Ainda de acordo com a SEEC-DF, para 2026, o valor total estimado sobe para R$ 2.468.607.356, com R$ 738.282.241 para a PCDF, R$ 532.308.999 para o CBMDF e R$ 1.198.016.117 para a PMDF. Para 2027, o impacto total previsto é de R$ 2.485.385.628, distribuídos em R$ 738.282.241 para a PCDF, R$ 539.949.290 para o CBMDF e R$ 1.207.154.097 para a PMDF.

Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










