Por Kleber Karpov
As mudanças climáticas têm o potencial de aumentar a frequência e a intensidade de tornados no Brasil, segundo a análise de especialistas em meio ambiente e oceanografia. A catástrofe que atingiu Rio Bonito do Iguaçu (PR) (8/Nov), resultando na destruição de 90% da área urbana e deixando 750 feridos, deve servir como um alerta de “desespero e urgência” para as autoridades, conforme afirmou o secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini. O debate ocorre em meio à realização da Conferência das Nações Unidas para o Clima (COP-30).
Combustível fóssil e energia atmosférica
A oceanógrafa Renata Nagai, pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) com apoio do Instituto Serrapilheira, explica que o desequilíbrio do clima contribui para tornar os tornados mais intensos e frequentes. A especialista aponta a emissão de gases de efeito estufa e a queima de combustíveis fósseis como fatores que aumentam a energia térmica.
“As mudanças climáticas estão associadas a um aporte de combustíveis fósseis e de gases de efeito estufa na atmosfera e isso aumenta a energia, causando o aquecimento da atmosfera e também dos oceanos”, ressaltou a pesquisadora. “Esse aumento do calor provoca também o aumento da umidade, pela evaporação. Mais calor e mais umidade servem quase como um combustível para esses eventos meteorológicos extremos”, concluiu Nagai.
Os tornados são colunas de ar que giram em altíssima velocidade, formando-se a partir de nuvens de tempestades, e são favorecidos pela alta umidade e pelo ar quente. Embora sejam fenômenos rápidos e de pequena extensão, podem apresentar grande poder destrutivo ao tocarem o solo.
Intensificação de eventos extremos
O professor e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) Michel Mahiques afirma que a ocorrência de tornados deve se tornar mais comum. O pesquisador explica que tais fenômenos ocorrem por conta de grandes diferenças de pressão atmosférica, geradas por massas de ar com propriedades de temperatura bastante distintas. “Agora, com as mudanças climáticas, essas diferenças se intensificam, e a possibilidade de ocorrer eventos extremos como esse aumenta”, avaliou.
O secretário executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, utiliza o desastre do Paraná como um exemplo da repetição de tragédias observadas no Brasil e no mundo. Ele citou exemplos como a Amazônia, o Rio Grande do Sul, São Sebastião, Petrópolis e regiões do Sul da Bahia. Astrini criticou a forma como as conferências climáticas, muitas vezes, permanecem “impermeáveis ao mundo real”.
O ativista espera que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilize a situação do Paraná na abertura oficial da COP, nesta segunda-feira (10 de novembro), para sensibilizar as nações participantes sobre a gravidade da crise climática. O Brasil deve ser citado como um país vulnerável por depender da agricultura e da regularidade climática para a geração de energia via hidrelétricas.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










