Por Kleber Karpov
(02/Dez) Um levantamento inédito lançado pelo Instituto Natura e pela Avon aponta que 62% dos brasileiros declaram não possuir informações suficientes para auxiliar mulheres em situação de violência. O Índice de Conscientização sobre Violência contra Mulheres, divulgado em novembro, indica que apenas 38% dos entrevistados acreditam deter conhecimento sobre leis, tipologias de agressão e canais de denúncia.
Lacunas na percepção
A pesquisa, realizada com apoio da agência Quiddity entre junho e agosto de 2025, entrevistou 4.224 pessoas. Os dados mostram que quatro em cada dez brasileiros não se recordam de ter visto campanhas de conscientização nos últimos 12 meses. O cenário sugere baixa efetividade nas ações de comunicação governamentais e da sociedade civil.
Outro ponto de alerta reside no reconhecimento da violência. Quatro em cada dez mulheres não identificaram espontaneamente as agressões sofridas. O reconhecimento ocorreu apenas quando os entrevistadores descreveram situações específicas de violência física, sexual, patrimonial, moral ou psicológica.
“A conscientização é parte da solução do problema social que é a violência contra mulheres e meninas. É por isso que o Instituto Natura desenvolveu o Índice. Não se trata de uma pesquisa pontual, mas uma ferramenta perene, um instrumento de acompanhamento da conscientização sobre a violência contra as mulheres, que nos ajuda a compreender se estamos evoluindo enquanto sociedade na forma como percebemos, compreendemos e reagimos em relação à violência contra a mulher. E é ele que passará a nortear todas as nossas ações no tema e poderá ajudar a promover a transformação social no país pela qual trabalhamos”, disse Maria Slemenson, superintendente do Instituto Natura Brasil.
Níveis de conscientização
O estudo classifica o nível de consciência da população. Apenas 29% dos entrevistados demonstraram grau “alto” ou “muito alto” de conhecimento, o que envolve saber agir diante de casos de violência doméstica. Em contrapartida, 28% apresentaram níveis “baixos” ou “muito baixos”.
Beatriz Accioly, antropóloga e líder de Políticas Públicas do Instituto Natura, destaca que a falta de informação sobre leis e políticas públicas contribui para manter a violência na esfera privada. Para a especialista, o tema não recebe o tratamento de problema social amplo que exige.
Contradição entre discurso e prática
O levantamento identificou uma discrepância entre a intenção de agir e a ação concreta. Enquanto 98% das mulheres afirmaram que tomariam atitudes, como acionar a polícia em situações hipotéticas, a realidade mostra outro panorama. Apenas 73% das vítimas de violência doméstica buscaram ajuda de fato. A maioria recorreu à esfera privada, sem formalizar denúncias.
A percepção sobre a responsabilidade social também apresenta contradições. Embora 96% reconheçam o dever coletivo diante do problema, 60% concordam com a premissa de que conflitos de casal devem ser resolvidos internamente. Outros 15% afirmaram que não ajudariam por não considerarem o problema de sua alçada.
Confira abaixo o vídeo sobre o cenário latino-americano:
Contexto regional
O índice abrange seis países da América Latina: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Peru e México. A dificuldade em converter preocupação em ação prática se mostra um desafio regional, não apenas local. Em todas as nações analisadas, mais de um terço dos participantes se considera mal informado para prestar auxílio.
Como resposta, as instituições lançaram a campanha “Chame Pelo Nome” e preparam novas ações para o movimento dos “16 dias de ativismo” em novembro. O objetivo é articular sociedade e organizações para a prevenção e eliminação da violência de gênero.
Acesse o infográfico completo com os dados do Brasil no link abaixo:

Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










