Por Kleber Karpov
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou a criação de uma Rede Nacional de Hospitais e Serviços Inteligentes (RNHSI) e medicina de alta precisão nesta terça-feira (18). A iniciativa contempla a implantação de 14 Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) automatizadas nas cinco regiões do país. O projeto inclui a construção do Instituto Tecnológico de Emergência do Hospital das Clínicas da USP, em São Paulo. O complexo deve se tornar o primeiro hospital inteligente do Brasil. Outras oito unidades hospitalares devem passar por modernização com apoio de universidades e secretarias de saúde.
A primeira etapa da proposta estima um investimento de R$ 1,7 bilhão. O montante deve ser viabilizado por meio de cooperação com o Banco dos BRICS. A pasta já entregou a documentação final para análise do pedido de financiamento. A expectativa aponta para o início das operações dos primeiros serviços da rede em 2026, mediante aprovação da instituição financeira.
Padilha reforçou a importância estratégica da nova estrutura digital para a modernização da saúde pública. “Hoje estamos entrando em uma nova era de inovação do SUS. A implantação dessa rede nacional de serviços inteligentes tem um papel enorme para a saúde brasileira, que vai permitir que a população tenha acesso ao que tem de melhor em tratamento médico”, afirmou o ministro.
A RNHSI integra o programa Agora Tem Especialistas. A estratégia foca na expansão do atendimento especializado na rede pública. O uso de tecnologias como inteligência artificial e big data deve reduzir em até cinco vezes o tempo de espera por atendimento de emergência. A medida visa tornar o diagnóstico e a assistência especializada mais rápidos e precisos.
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, destacou o auxílio da tecnologia no cuidado à saúde. “Juntamente com a equipe do Ministério da Saúde não medimos esforços para viabilizarmos o financiamento do hospital. A criação dessa rede é muito importante e vai beneficiar a população com tecnologia de ponta”, disse Simone.
Rede de UTIs inteligentes
As 14 UTIs automatizadas devem funcionar de forma interligada. O Ministério da Saúde selecionou hospitais em treze estados junto aos gestores locais. As cidades contempladas incluem Manaus, Dourados, Belém, Teresina, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Brasília.
Os serviços devem operar de forma totalmente digital. O modelo prevê monitoramento contínuo e integração entre equipamentos e sistemas de informação. A tecnologia deve auxiliar na previsão de agravos e apoiar decisões clínicas. As unidades também devem permanecer conectadas a uma central de pesquisa e inovação.
Primeiro hospital inteligente
O representante da pasta da Saúde assinou a cooperação técnica para a implantação do Instituto Tecnológico de Emergência do Hospital das Clínicas da USP na última sexta-feira (14). O documento oficializa a parceria com a Faculdade de Medicina da USP e a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. O governo estadual deve realizar a cessão do terreno.
A unidade deve beneficiar cerca de 20 mil pacientes por ano. O projeto prevê 800 leitos, divididos entre 250 de emergência, 350 de UTIs e 200 de enfermaria, além de 25 salas cirúrgicas. O início das operações deve ocorrer em 2029. O cronograma inclui a instalação de equipamentos, implantação dos sistemas digitais e treinamento das equipes.
“O instituto tecnológico será um piloto para a medicina de alta complexidade no SUS, que levará atendimento de qualidade, com transformação, inovação e aplicação de tecnologias emergentes no cuidado dos pacientes. Nossa expectativa é trazer um modelo sustentável e replicável nacionalmente com conceitos de inteligência artificial e integração de sistemas”, explicou Ludhmila Hajjar, professora titular de emergências da USP e idealizadora do projeto.
Modernização de unidades federais
A estrutura planejada deve transformar o cuidado na rede pública. O projeto inclui inteligência artificial para triagem rápida e telemedicina para ampliar o acesso a especialistas. Ambulâncias com tecnologia 5G devem permitir o monitoramento em tempo real dos sinais vitais dos pacientes. O plano abrange ainda cirurgias robóticas e medicina de precisão.
O Ministério da Saúde deve atuar na compra de equipamentos avançados e no custeio do funcionamento. A pasta viabiliza a construção da unidade a partir do pedido de financiamento do BRICS. Outras oito unidades hospitalares devem receber recursos federais para modernização. O foco reside na oferta de serviços assistenciais inovadores.
A parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) deve modernizar hospitais de excelência em São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. A primeira fase contempla o novo hospital da Unifesp e quatro hospitais federais no Rio. A lista inclui parcerias com GHC, Fiocruz, UNIRIO e UFRJ.
“Para a Ebserh é muito importante estar participando dessa primeira fase de implantação da rede de UTIs inteligentes, que poderão atender a população com qualidade e de forma tecnológica”, ressaltou Arthur Chioro, presidente da Ebserh.
Financiamento internacional
Alexandre Padilha apresentou a proposta para a implementação da rede nacional ao Banco dos BRICS em março deste ano. O ministro anunciou o pleito em julho, durante reunião de lideranças do bloco no Rio de Janeiro.
Uma missão técnica do banco realizou reuniões em Brasília em agosto. O grupo visitou o local previsto para a construção do novo instituto do HC-USP. Padilha firmou acordos de cooperação tecnológica com instituições chinesas em outubro. O ministro apresentou o projeto ao banco para reforçar o apoio financeiro durante agenda oficial na China.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.
