Por Kleber Karpov
O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) lançou, na quarta-feira (05/Nov), a campanha nacional “Marcas da Enfermagem”. A iniciativa visa combater a violência física e psicológica sofrida pelos profissionais de Enfermagem, incluindo enfermeiros, técnicos, auxiliares e obstetrizes, e chama a atenção para a urgência do problema. A campanha tem o lema “Toda marca conta uma história. E a Enfermagem não pode mais carregar essas sozinha”.
O propósito da ação é transformar as marcas, tanto emocionais quanto físicas, decorrentes da violência em símbolos de resistência e conscientização. Os profissionais de Enfermagem atuam na linha de frente do atendimento. Em razão disso, eles absorvem os impactos de falhas na assistência e estão entre as principais vítimas de violência física, verbal e psicológica.
Um dos objetivos centrais é mobilizar o poder público e a sociedade para que seja aprovado o Projeto de Lei (PL) 6.749/2016. Este projeto prevê o aumento das penas para crimes cometidos contra os profissionais de saúde.
Ações e dados alarmantes
Como parte da campanha, o Conselho Federal de Enfermagem está realizando ações especiais durante a 32ª rodada do Campeonato Brasileiro. A ação ocorre nos dias 5 e 6 de novembro, em parceria com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Painéis de LED nos estádios exibem um vídeo da campanha. O material audiovisual será veiculado pelos times, alcançando milhões de espectadores e torcedores em todo o país.
Os dados apresentados sobre a violência no ambiente de trabalho são alarmantes. Segundo um levantamento realizado pelo Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP), oito em cada dez profissionais no estado sofreram algum tipo de violência no trabalho. Desse total, 90% citaram a violência verbal, 79% relataram agressão psicológica e 21% mencionaram a violência física.
No Distrito Federal, uma pesquisa do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPE-DF) também indicou um alto risco de agressões. Segundo o levantamento, 61,7% dos profissionais relataram ter sofrido agressões verbais, 35,6% assédio moral, 15% violência física e 8,4% assédio sexual. Contudo, apenas 15,2% dos que sofreram violência física formalizaram denúncias.
O presidente do Cofen, Manoel Neri, afirmou que a campanha busca dar voz aos profissionais. “A campanha Marcas da Enfermagem nasce para dar voz a esses profissionais, sensibilizar a sociedade e cobrar medidas concretas do poder público”, disse Neri.
Adoecimento mental e denúncia
Entre as ações adotadas pelo Conselho Federal de Enfermagem, estão a defesa de medidas estruturantes para garantir o dimensionamento adequado de profissionais e o apoio às vítimas de violência. O Cofen também defende a mobilização em apoio ao Projeto de Lei (PL) 6.749/2016.
Em caso de agressão, Manoel Neri orientou sobre os procedimentos cabíveis. “Em caso de agressão física, o profissional de Enfermagem deve se dirigir à delegacia mais próxima para registrar um Boletim de Ocorrência (BO), além de reportar a sua chefia e ao Conselho Regional de Enfermagem (Coren) de seu estado. Para ameaças ou agressões verbais, o BO também pode ser feito online. Os Conselhos de Enfermagem também oferecem o serviço de desagravo público”, explicou o presidente do Cofen.
Anderson Funai, que é enfermeiro especialista em Saúde Mental e representante do Cofen na Comissão Intersetorial de Saúde Mental do Conselho Nacional de Saúde, avaliou a relevância da campanha. “É uma campanha de extrema relevância, pois as violências as quais os profissionais da Enfermagem estão expostas e sofrem possuem relação direta com processos de adoecimento mental”, afirmou.
Uma revisão integrativa apontou o estresse como o principal fator de risco para o adoecimento mental dos profissionais de Enfermagem. O enfermeiro Anderson Funai detalhou o impacto da violência na saúde mental dos profissionais.
“Um evento de violência produz um efeito cascata ou dominó no processo de adoecimento mental. O profissional de enfermagem e todos os demais da área da saúde sofrem violência iniciando o ciclo do que se observa em pessoas que desenvolvem o transtorno do estresse pós-traumático (TEPT). Essa condição tem correlação direta com o desenvolvimento de quadros de ansiedade e depressão”, concluiu Funai.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










