Por Kleber Karpov
Seis anos após a retomada dos procedimentos de alta complexidade, o Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) registrou um crescimento de 1.108% nas cirurgias cardíacas de peito aberto. O serviço, reativado em 21 de outubro de 2019, já realizou 1.469 atendimentos até a primeira quinzena deste mês (21/Out). A expansão é creditada a investimentos em equipamentos e na capacitação de equipes.
A evolução dos números demonstra a expansão. Contando com a primeira paciente, Luisa Andrade, 23 pessoas passaram pelo procedimento em 2019. Durante todo o ano passado, foram 278 cirurgias. Até meados de outubro deste ano, a unidade já contabilizava 244 operações.
Para a chefe da Cirurgia Cardíaca do HBDF, Tatiana Maia, esse aumento é explicado pelos investimentos na unidade. “O IGESDF [Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal], junto ao Hospital de Base, vem crescendo em termos de investimento em equipamentos e em pessoal também”, aponta. “Hoje em dia, nós temos as melhores próteses que existem. Eu tenho orgulho de dizer que esse serviço oferece o melhor para a população do Distrito Federal.”
“A gente conseguiu salvar muitas vidas. Além das cirurgias eletivas, o Hospital de Base também é o único hospital de porta aberta do Distrito Federal que atua atendendo a todas as emergências cardiovasculares. A gente sabe que o que mais mata no mundo são as doenças cardiovasculares, e o mundo moderno sofre com essa mortalidade. Então é extremamente importante oferecer esse serviço para a população geral, para o SUS [Sistema Único de Saúde], porque aqui os pacientes são atendidos de maneira integral e plena para cuidar dessas patologias”, disse Tatiana Maia.
Atendimento integral
Esse atendimento integral foi fundamental para o tratamento de Luisa Andrade, hoje com 24 anos. Em 2019, aos 17, ela foi diagnosticada com comunicação interatrial (CIA) — um problema congênito. Luisa foi a primeira paciente operada na retomada do serviço.
“Fizemos muitos exames. Eles entraram com a medicação, e meses depois eu fui internada para poder fazer mais exames, fui acompanhada por vários médicos. Até que chegou o dia da cirurgia; fizemos, fui para a UTI, tive um ótimo pós-operatório, também fui auxiliada pela equipe de fisioterapia e a minha recuperação foi bem tranquila”, recorda Luisa Andrade.
“Um ano depois eu voltei, fiz mais exames para saber se estava tudo certo e recebi alta. Fui muito bem-acompanhada, muito bem-atendida por todos os médicos. Se não fosse por eles, acho que talvez até teria desistido da cirurgia, porque é um baque muito grande. Então, sentir esse acolhimento me ajudou a entender que é um procedimento muito invasivo, mas com grande chance de sucesso e realmente teve muito sucesso”, acrescentou.
A mãe da jovem, Ângela Andrade, 61 anos, reforça a qualidade da assistência. “Realmente foi extraordinário, a equipe é muito boa, a Luisa foi assistida pelos melhores médicos e eu sou grata a eles até hoje, porque nós fomos bem-acolhidas. Do menor ao maior, Luisa foi muito bem-assistida, deu tudo certo. Minha filha está curada e, graças a Deus, só tenho a agradecer”, completa a aposentada.
Graças ao procedimento, a jovem hoje cursa Administração, estagia e pode fazer exercícios. “É como se eu tivesse renascido depois da cirurgia. Melhorei a minha respiração, não tenho mais taquicardia […] Minha qualidade de vida melhorou muito”, afirma. Ela também ressalta a importância do serviço gratuito: “No particular, essa cirurgia custaria R$ 80 mil, e a gente não teria condições de pagar. Então é realmente muito importante”.
Alta complexidade

Indicada para diversos problemas cardíacos, como insuficiências coronarianas e patologias da aorta torácica, a cirurgia de peito aberto exige uma equipe de nove pessoas. O time inclui três cirurgiões, um anestesista, um perfusionista, um instrumentador, dois circulantes e uma enfermeira.
“A gente precisa deixar o coração parado para poder operar, então a gente deixa o coração extracorpórea [fora do corpo] e o sangue do paciente fica circulando em uma máquina, que é a máquina coração-pulmão, enquanto a gente está trabalhando”, explica Tatiana Maia.
“Naquele momento, eu estou com o coração do paciente na mão, literalmente. Estou com a vida dele na minha mão, porque o coração está parado, ele está circulando na circulação extracorpórea, sendo oxigenado na máquina e eu ali, reparando o coração. Ver o paciente recuperado é muito gratificante”, relata a médica.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










