Por Kleber Karpov
O Ministério da Saúde emitiu, nesta terça-feira (14/Out), um alerta epidemiológico a estados e municípios para que reforcem a vigilância e as ações de vacinação contra o sarampo. O comunicado foi divulgado após a confirmação de 34 casos da doença no país em 2025, o que eleva a preocupação das autoridades sanitárias com a reintrodução do vírus em território nacional.
Focos dos surtos
Dos 34 casos confirmados até a primeira semana de outubro, nove são importados, 22 tiveram contato com pessoas infectadas no exterior e três são geneticamente compatíveis com cepas em circulação em outros países. Atualmente, os estados do Tocantins, Maranhão e Mato Grosso são considerados em situação de surto ativo de sarampo.
No Tocantins, o surto começou em julho, no município de Campos Lindos, associado ao retorno de quatro brasileiros que estiveram na Bolívia. A baixa adesão à vacina na comunidade onde vivem facilitou a rápida transmissão do vírus. No Maranhão, um caso foi confirmado em uma mulher de 46 anos, não vacinada, que teve contato com pessoas da comunidade de Campos Lindos.
Os casos registrados em Mato Grosso, no município de Primavera do Leste, também foram iniciados por brasileiros que retornaram da Bolívia, afetando três membros não vacinados da mesma família.
Baixa cobertura vacinal
A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, aponta a queda na cobertura vacinal como o principal fator para o retorno da doença.
“Os casos importados aconteciam, tanto um estrangeiro vindo para cá, quanto um brasileiro que viajou e voltou com sarampo, porém, a situação era resolvida porque a nossa vigilância era boa. O sarampo antes entrava e encontrava todo mundo vacinado e não causava surto. Agora ele chega e encontra várias pessoas suscetíveis.”
Dados da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) mostram que, em 2025, a cobertura da vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) caiu para 91,2% na primeira dose e 74,6% na segunda, ambos os índices abaixo da meta de 95% preconizada para o controle da doença.
A especialista Isabella Ballalai explica que a falta de percepção de risco por parte da população é um dos fatores que dificultam a adesão à vacinação.
“A ciência do comportamento mostra que, se você não vê risco, pode estar na primeira página do jornal que ‘eu não ligo’. Agora, se eu vejo o risco e estou vendo todo mundo correndo para o posto, ‘eu vou também’. Aconteceu com a febre amarela, que a cobertura vacinal no Brasil era de 40%. De repente, surto de febre amarela, morte de febre amarela, jornal, televisão… eram filas.”
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










