Por Kleber Karpov
O número de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Distrito Federal aumentou 73% em sete anos, saltando de 386 em 2019 para 668 em agosto de 2025, um reforço que tem garantido atendimento mais ágil a pacientes em estado grave. A ampliação, resultado de investimentos do Governo do Distrito Federal (GDF) na rede própria e em parcerias com hospitais privados, representa uma política pública para zerar a fila de espera e suprir a demanda crescente por esse tipo de atendimento na capital.
O impacto da medida é sentido por famílias como a de Adriana Rodrigues, 37 anos, mãe de Desmond Samuel, 9. Após uma sequência de infecções respiratórias graves, o menino ficou internado por dois meses e, segundo ela, a agilidade no atendimento foi crucial. “Se não tivesse tido um atendimento tão rápido, ele teria morrido”, relata.
Ampliação com eficiência
A estratégia do GDF para alcançar essa expansão combina a ampliação das unidades de saúde existentes com o credenciamento de leitos na rede privada. Atualmente, a população conta com 233 leitos de UTI em hospitais particulares, que se somam aos 433 da própria rede pública. Um novo edital prevê a contratação de mais 113 leitos, o que pode elevar o aumento total para 102% em relação a 2019.
Para o governador Ibaneis Rocha, a medida é acertada para garantir o cuidado necessário à população. “A saúde é um grande desafio. Aqui na nossa cidade, temos avançado bem nessa questão, com reformas, ampliações e construções de novas unidades. Além disso, a contratação de hospitais privados para complementar os serviços prestados na nossa rede foi uma decisão muito acertada. Assim, conseguimos ampliar a oferta de leitos de UTI e agilizar cirurgias eletivas e tratamento às pessoas diagnosticadas com câncer”, detalha.
O secretário de Saúde, Juracy Lacerda, destaca que a política acompanha o crescimento da procura. “Expandir o acesso a leitos de terapia intensiva é essencial diante do aumento constante da procura por esse tipo de atendimento. Vamos buscar essa ampliação tanto com a abertura de novos leitos nos hospitais da rede pública quanto por meio de contratos com a rede suplementar.”
A gerente de Serviços de Terapia Intensiva da SES, Priscila Domingues, aponta o credenciamento como uma solução imediata e eficaz. “Hoje nossas unidades hospitalares estão com alta demanda e capacidade máxima. Por isso, fizemos o planejamento de expansão com novas construções, mas o credenciamento foi essencial para dar uma resposta rápida à população. Só pagamos pelos dias efetivamente utilizados, o que garante mais eficiência.”
Acolhimento que salva
Além da disponibilidade de leitos, pacientes relatam a qualidade do acolhimento no SUS. Sérgio Willian Vieira, 32, diagnosticado com meningite, foi transferido do Hospital de Samambaia para um leito de UTI que já o aguardava no Hospital de Base, onde ficou por dez meses. “Ali só tinha anjo. Foram dez meses entre UTI e coma, mas todo o cuidado que recebemos fez a diferença. Os médicos falavam com amor, davam esperança, mesmo sem prometer resultados. Aquilo me fortalecia”, lembra.
Sua mãe, Regiane Vieira, complementa a experiência. “Antes quem sempre nos atendia era o hospital particular, mas o SUS tem acolhido a gente maravilhosamente bem. Nada se compara ao atendimento que recebemos no Base. Na UTI do hospital particular sequer sabiam o que fazer com ele”. O próprio Sérgio recorda o apoio recebido: “Eu estava em coma, mas lembro dos médicos dizendo que eu ia ficar bem. Isso me deu força. Tinha dias em que queria desistir, e eles não deixavam”.
A família de Desmond também elogiou o cuidado recebido. “Ele sofreu uma parada cardiorrespiratória e foi acolhido por uma equipe maravilhosa. Cada momento ali foi intenso, mas o cuidado e a esperança de todos fez toda a diferença”, diz Adriana. Para ela, o suporte multidisciplinar foi decisivo. “A psicóloga não cuida só do paciente, mas de toda a família. O que nos mantém firmes é esse apoio integral.”
Apesar do avanço, a demanda por leitos de UTI continua alta. “A população está envelhecendo, e isso pressiona a demanda. Estamos estudando o perfil desses pacientes para entender como otimizar o uso dos leitos, inclusive considerando cuidados paliativos e atenção domiciliar, que ajudam a liberar vagas com mais agilidade”, finaliza Priscila Domingues.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










