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19 abr 2024 19:10


Abuso de gestor tem limite: TJDFT cancela transferência arbitrária de enfermeiro que defendeu pacientes no HRT

Deputada distrital Celina Leão também visitou o hospital para apurar prática de assédio moral

Por Kleber Karpov

A direção do Hospital Regional de Taguatinga (HRT) recebeu notificação do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT), que garantiu a permanência, de lotação no Pronto Socorro, ao enfermeiro Diego Sampaio Gomes Natividade. O profissional de saúde foi transferido, arbitrariamente, para o Centro Cirúrgico, após pedir melhores condições de atendimento aos pacientes do HRT, durante uma reunião com a gerente de enfermagem e a superintendente da Região Sudoeste, a médica Lucilene Florêncio Queiróz.

Na decisão, o juiz Enilton Alves Fernandes ponderou que a posição de Diego Sampaio, sobre a transferência “deveria ter sido levada em consideração, já que, a princípio, a motivação (da remoção, pela chefia) teria como finalidade a preservação da saúde do servidor”. Porém, conforme adiantado, em primeira mão, por Política Distrital (PD)(19/Jan), além de o enfermeiro negar ter algum tipo de doença, o profissional de saúde, também, deixou claro a falta de interesse de deixar de trabalhar no Pronto Socorro do HRT.

Repercussão

Na segunda-feira (22/Jan), a deputada distrital, Celina Leão (PPS), após receber denúncias e acompanhar matéria publicada por PD, a parlamentar encaminhou requerimento de informações à SES-DF, para apurar se houve prática de assédio moral por parte das gestoras do HRT. No dia seguinte, a parlamentar visitou o hospital para constatar outro problema, a falta de profissionais para realizar atendimento aos pacientes.

Recebida pala superintendente da Região Sudoeste, Celina Leão acompanhou de perto o resultado da falta de gestão na unidade, principalmente, na ortopedia onde, de acordo com Lucilene Florêncio, estão os maiores gargalos.  O HRT possui 467 leitos, quantidade insuficiente para atender toda a demanda de pacientes, principalmente a reprimida.

Retrato do caos

De acordo com a superintendente, para zerar a fila na Ortopedia, o hospital realiza mutirões de cirurgias ortopédicas toda terça-feira, onde são feitas cirurgias de ombro, cotovelo, tornozelo, braço, perna, braço, pé e cirurgias gerais.

De acordo com Lucilene Florêncio, na terça-feira (23), o HRT recebeu 166 pacientes no Pronto Socorro e a unidade tem capacidade para receber apenas 68. No box de emergência do PS, 16 pacientes internados, muitos em estado grave ocupavam um espaço físico adequado para acomodar apenas quatro.

Durante a reunião com a superintendente do HRT, Celina Leão, se colocou à disposição para destinar recursos para a construção de dois centros cirúrgicos de Trauma Ortopédico no HRT. Além de destinar mais recursos ao Programa de Descentralização Progressiva das Ações de Saúde (PDPAS), para melhoria no atendimento da unidade.

Investigação continua

Ao PD, Celina Leão explicou que mesmo com a decisão da justiça, em caráter liminar, que deve se manter no caso em relação à práticas de assédio moral por parte de gestores da SES-DF. “A decisão não tira a responsabilidade do assédio”, afirmou.

Perseguições da SES

Flávia Gondim

Flavia Gondim e o ex-secretário de saúde, Fábio Gondim despachando com Rodrigo Rollemberg – Foto: Dênio Simões/Agência Brasília

O tema na SES-DF é recorrente e não se limita apenas aos gestores de segundo e terceiro escalão. O próprio Secretário de Saúde do DF, Humberto Lucena Pereira da Fonseca é apontado por denúncias de servidores, por prática de assédio moral, materializadas, em transferências de unidades e, até mesmo, restrições para recebimento de salários. Embora, sempre negue tais práticas.

Um dos casos clássicos, foi o da ex-subsecretária de Gestão de Pessoas (SUGEP), Flavia Gondim e de Marineusa e Oswaldo, ambos lotados na SUGEP. Denunciado por uma médica (Fev/2017), sob sigilo de identidade, a profissional de saúde falou sobre o nível de perseguição na cúpula da saúde do DF.

“A Marineusa foi alocada no atendimento de um Centro de Saúde e Flávia transformada em entregadora de medicamento da farmácia no hospital de Ceilândia. A Flávia está proibida de ter qualquer cargo de confiança na SES-DF. As duas são extremamente capacitadas e o que vimos foi as duas surtarem por causa da perseguição. A Flavia teve que ficar um mês de licença prêmio e ameaçaram cortar o ponto dela. A Mari [Marineusa] ficou por um mês de licença. O Oswaldo, com mais de 60 anos foi o responsável por redimensionar todo o do Hospital de Samambaia e a Jaqueline [Jaqueline Carneiro, então SUGEP], proibiu ele de entrar na SUGEP. São pessoas capacitadas, talentos que estão subutilizados por capricho do Secretário.”, lamentou a médica.

Flávia Gondim foi nomeada pelo ex-secretário, Fábio Gondim, responsável por ajudar a mapear e otimizar o banco de horas extras, que permitiriam, por exemplo, a SES-DF nomear 2 mil novos servidores ou ainda o redimensionamento das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).

Doutor Rodolfo Paulo

Outro caso que também chamou atenção foi a exoneração da supervisão da região, Doutor Rodolfo Paulo, diretor do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB), supostamente, atribuída à exposição do desmonte do hospital referência em obstetrícia e reprodução assistida no DF.

“O assédio moral para cima do doutor Rodolfo, foi tão intenso, por conta do ato dos 50 anos, que ele está pensando em deixar o país. O Humberto está destruindo a secretaria. Ele está destruindo a moral dos servidores que são comprometidos, tudo que os servidores públicos e que essa secretaria representa.”, completou.

Wellington Antônio

Outro caso que chama atenção foi do ex-presidente e atual conselheiro do Conselho Regional de Enfermagem do DF (COREN-DF), Wellington Antônio da Silva, exonerado do cargo por Humberto Fonseca, após alertar o governador do DF, Rodrigo Rollemberg, sobre tomada de decisão equivocada do secretario de Estado de Saúde do DF (SES-DF), Humberto Lucena Pereira da Fonseca em fechar a sala vermelha do Hospital Regional do Guará (HRGu) (Ago/2017). O principal motivo do alerta, pacientes estão morrendo por falta da equipe do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU) naquela unidade.

Responsável por implantar a sala vermelha do HRGu e do Centro de Trauma do HBDF, Wellington chegou suplicar e enfatizar o perigo da desativação do serviço do SAMU no HRGu “Pela primeira vez EU peço em nome de Deus faca uma reunião urgente com os envolvidos… Eu criei a sala vermelha do Guara e do Centro de Trauma do Base… Pelo amor de Deus não deixe as pessoas morrerem. ”, implorou, por duas vezes.

No entanto, sem resposta concreta sobre o caso, Wellington, que estava implantando o centro de especialidades no Núcleo Bandeirante e Centro de Atendimento Especial à Criança, conforme havia previsto, foi exonerado do cargo comissionado.

Jorge Luiz Gomes

Esse é outro caso de servidor que era lotado no Parque de Apoio e, por perseguição, de acordo com denúncias de colegas, foi lotado na UPA de Sobradinho, também sem o consentimento. Ainda em relação ao servidor, Jorge Luiz está com pagamento retido, há meses, porém, indevidamente.

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