Por Kleber Karpov
A Justiça da Espanha negou definitivamente, nesta terça-feira (16/Dez), o pedido de extradição do blogueiro Oswaldo Eustáquio, formulado pelo governo brasileiro. A Audiência Nacional da Espanha, em Madri, rejeitou o último recurso apresentado pelo escritório de advocacia que representa o Estado brasileiro no exterior. Eustáquio é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta participação em atos antidemocráticos e ataques a instituições brasileiras por meio de redes sociais.
O tribunal europeu fundamentou a decisão sob o argumento de que o envio do blogueiro ao Brasil não deve ocorrer devido à existência de “motivação política” nas investigações em curso. Com a sentença, o processo de extradição na Espanha é considerado encerrado, uma vez que a Advocacia-Geral da União (AGU) confirmou não caber mais recursos contra o veredito da corte espanhola. O caso vinha sendo analisado desde abril, quando a primeira negativa havia sido proferida.
Contexto das investigações
Oswaldo Eustáquio possui mandado de prisão expedido no Brasil desde 2020. O blogueiro fugiu para a Europa após se tornar alvo de inquéritos que apuram o financiamento e a organização de atos extremistas contra o STF e o Congresso Nacional. As autoridades brasileiras sustentam que o investigado utilizou plataformas digitais para impulsionar discursos de ódio e coordenar manifestações que atentavam contra o Estado Democrático de Direito.
A defesa do blogueiro alegou perseguição e cerceamento de liberdade de expressão durante todo o trâmite na justiça estrangeira. A decisão da Audiência Nacional representa um revés para a estratégia jurídica do governo federal, que buscou cooperação internacional para garantir o retorno de Eustáquio ao sistema judiciário brasileiro. O governo contratou serviços advocatícios especializados em solo espanhol para reforçar a tese de que os crimes cometidos eram de natureza penal comum, e não política.
Limitações da cooperação internacional
Especialistas em direito internacional destacam que a recusa baseada em motivação política é uma das cláusulas de salvaguarda mais comuns em tratados de extradição. A justiça espanhola entendeu que o cenário de polarização institucional no Brasil poderia comprometer a imparcialidade do julgamento do réu. Mesmo com a negativa, o mandado de prisão contra o blogueiro permanece válido no território brasileiro, o que impede seu retorno sem que ocorra a detenção imediata pela Polícia Federal.
A permanência de Eustáquio no exterior deve prolongar a situação de impasse jurídico em um dos principais inquéritos sobre atos golpistas no país. Até o fechamento desta edição, o Supremo Tribunal Federal e o Ministério da Justiça não haviam comentado o teor da decisão definitiva. A AGU deve agora analisar as implicações diplomáticas da sentença para outros casos similares de brasileiros refugiados em países da União Europeia.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.












