IGESDF e Estácio realizam palestra para ampliar combate à violência de gênero

Por Kleber Karpov

A Faculdade Estácio, em parceria com o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IGESDF), promoveu na manhã desta sexta-feira (07/Nov) uma palestra sobre Violência Doméstica e Empoderamento Feminino. O evento, realizado no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), objetivou capacitar os colaboradores, especialmente a equipe de segurança, sobre como identificar os diversos tipos de violência de gênero e aprimorar o acolhimento às vítimas dentro do ambiente hospitalar. A iniciativa teve o apoio da Secretaria da Mulher do Distrito Federal.

A palestra foi conduzida por Ana Maria da Silva, que é a coordenadora de Diversidade da Subsecretaria de Ações Temáticas e Participação Política (SUBATPP) da Secretaria da Mulher do DF. A representante da Secretaria destacou que o objetivo da ação é reforçar a importância do reconhecimento das formas de violência. Trata-se de um esforço para que a agressão seja percebida, seja com a própria pessoa, com um colega de trabalho ou em qualquer outro contexto.

“O trauma de uma violência sexual não acaba nunca. A mulher pode até acomodar essa dor, mas ela nunca vai deixar de existir”, afirmou Ana Maria ao ressaltar a permanência da dor para as vítimas de violência sexual.

Tipos de violência e cenário no DF

Ana Maria explicou ao público que, conforme a legislação, existem cinco tipos de violência contra a mulher. A violência psicológica se manifesta com a intenção de causar dano emocional, seja por meio de controle, manipulação ou humilhação da vítima. Já a violência moral abrange as práticas que buscam atingir a dignidade, a reputação e a autoestima da mulher, como, por exemplo, por meio de difamação ou xingamentos.

Segundo Ana Maria, a violência sexual se caracteriza por qualquer ato ou coerção sexual não consentida. Por sua vez, a violência patrimonial refere-se ao controle abusivo dos recursos financeiros, afetando a independência e a autonomia econômica da mulher. Por fim, a violência física inclui as agressões que causam danos ao corpo, como hematomas, cortes ou empurrões.

“O conhecimento é uma arma e um escudo que a mulher pode usar para se proteger da violência. Sabendo identificar e como buscar ajuda, a mulher consegue sair desse ciclo”, destacou Ana Maria.

Para ilustrar o cenário no Distrito Federal, a coordenadora apresentou dados recentes. De acordo com a coordenadora, o DF registrou 11 casos de feminicídio até o mês de maio deste ano. Entre as vítimas, 88,9% não haviam registrado boletim de ocorrência contra o agressor e 44,4% já tinham sofrido algum tipo de violência anteriormente. “É importante sempre lembrar que quem violenta uma vez, vai violenta de novo”, completou Ana Maria.

Dados do Painel de Feminicídios da Secretaria de Segurança Pública indicam que 24 mulheres foram vítimas de feminicídio desde o começo do ano de 2025 no DF. Este número é superior ao total de 22 casos registrados durante todo o ano anterior. Quase 60% dessas mortes ocorreram dentro da residência da vítima e, em 37,5% dos casos, o ciúme foi o motivo alegado para o crime.

Empoderamento e canais de ajuda

A palestrante pontuou que o empoderamento feminino é uma das formas mais eficazes para romper o ciclo da violência. “Quando a mulher se conhece por completo, sabe o seu valor e tem autoconfiança, é mais difícil que ela se encontre em uma situação de violência”, esclareceu a coordenadora.

Renata dos Santos, colaboradora da equipe de segurança do HBDF que assistiu à palestra, sublinhou a relevância da conscientização de toda a sociedade. “É uma questão muito presente na sociedade, então é importante estarmos sempre batendo nessa tecla de que devemos sim denunciar e nos meter”, destacou a profissional.

A palestrante também orientou os participantes sobre os canais de denúncia disponíveis para buscar ajuda no Distrito Federal:

• 180: Central de atendimento que oferece escuta e acolhimento qualificados às mulheres em situação de violência.
• 190: Polícia Militar do Distrito Federal.
• 197: Polícia Civil do Distrito Federal, disponível para denúncias 24 horas.
• (61) 3207-6172: Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM).