Por Kleber Karpov
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) foi retirado à força do plenário da Câmara dos Deputados, na tarde desta terça-feira (09/Dez), por agentes da Polícia Legislativa Federal. A ação ocorreu após o parlamentar ocupar a cadeira da presidência em protesto contra a decisão de Hugo Motta (Republicanos-PB) de pautar seu processo de cassação. A sessão foi marcada pelo corte imediato do sinal da TV Câmara e pela expulsão compulsória de jornalistas do local.
O tumulto teve início quando o presidente da Casa anunciou a inclusão de três processos de perda de mandato na ordem do dia: o de Braga, por agressão a um militante do MBL, e os de Carla Zambelli (PL-SP) e Delegado Ramagem (PL-RJ), condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Motta também pautou o projeto que visa reduzir penas de envolvidos em tramas golpistas.
Diante do anúncio, Glauber Braga sentou-se na cadeira principal da Mesa Diretora e recusou-se a sair. O parlamentar questionou a disparidade de tratamento em relação a um episódio ocorrido em agosto, quando deputados de oposição obstruíram a mesa por 48 horas sem sofrerem sanções ou retirada forçada. “Que me arranquem desta cadeira e me tirem do plenário”, disse o deputado antes da abordagem policial.
Apagão midiático
Simultaneamente à ordem de retirada do deputado, o sinal da transmissão oficial foi interrompido e os profissionais de imprensa foram retirados do plenário. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) emitiram nota de repúdio classificando o ato como “grave censura” e relatando agressões físicas por parte de policiais legislativos contra repórteres e cinegrafistas.
As entidades cobraram explicações da presidência da Câmara sobre o impedimento do trabalho jornalístico. Segundo a nota conjunta, a medida remonta a períodos autoritários e fere o direito à informação da sociedade. Motta afirmou posteriormente que determinou a apuração de possíveis excessos na condução da retirada da imprensa.
Troca de acusações
Após ser levado para o Salão Verde com as roupas rasgadas, Braga classificou a gestão de Motta como uma “ofensiva golpista”. O deputado argumentou que a votação de sua cassação, combinada com a pauta da anistia, faz parte de um pacote para ferir liberdades democráticas e favorecer o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em resposta, Hugo Motta publicou nota oficial na qual acusa Braga de reincidência em desrespeito ao Legislativo e de utilizar táticas extremistas. “O agrupamento que se diz defensor da democracia, mas agride o funcionamento das instituições, vive da mesma lógica dos extremistas que tanto critica. Temos que proteger a democracia do grito”, afirmou Motta.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










