Por Kleber Karpov
Ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), rechaçou, neste domingo (07/Set), as críticas recorrentes de que o país vive uma “ditadura da toga”. Por meio de uma publicação na rede social X, Mendes defendeu a atuação da Corte como guardiã da Constituição e do Estado de Direito, afirmando que os ministros atuam para impedir retrocessos e preservar garantias fundamentais. A manifestação ocorreu em resposta a atos organizados por grupos de direita que pediram anistia para condenados pelos ataques de 8 de Janeiro e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes.
“No Dia da Independência, é oportuno reiterar que a verdadeira liberdade não nasce de ataques às instituições, mas do seu fortalecimento”, escreveu Mendes. “Não há, no Brasil, ‘ditadura da toga’, tampouco ministros agindo como tiranos”, completou, em uma aparente alusão ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que, mais cedo, classificou a atuação de Moraes como “tirania”.
Tarcísio e o discurso de candidato à presidência
Embora Mendes não tenha apontado o dedo, a manifestação do ministro claramente foi recebida como resposta ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos/SP), que durante ato, neste domingo, na Avenida Paulista, por diversas ocasiões, fez referência a existência de “ditadura” por parte do Judiciário brasileiro.
Em seu discurso na Avenida Paulista neste domingo, dentre outras colocações Freitas proferiu frases de efeito a exemplo de: “não vamos aceitar a ditadura de um Poder sobre o outro”, mantra esse amplamente utilizado por bolsonaristas para reforçar a suposta existência de ditadura em curso no Brasil. Ou ainda: “Nós não vamos aceitar a ditadura de um Poder sobre o outro. É isso que precisamos fazer, é isso que precisamos defender. Chega do abuso, chega. Novos tempos virão. Vamos celebrar de novo com um líder que vai estar solto”.
“Esticando a corda”…
Aclamado pré-candidato da Faria Lima, à presidência da República em 2026, Freitas confronta a própria família Bolsonaro, e brinca com a ‘própria sorte’, ao fazer ‘esticar a corda’ com discursos preparados para inflamar bolsonaristas e com isso captar parte do espólio político do ex-presidente, Jair Messias Bolsonaro (PL/RJ).
‘Passado recente’
Sem citar nomes, o ministro contrapôs as críticas ao Judiciário com o que chamou de perigos autoritários de um “passado recente”. Ele listou uma série de episódios ligados à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro como as verdadeiras ameaças à democracia.
“Se quisermos falar sobre os perigos do autoritarismo, basta recordar o passado recente de nosso país: milhares de mortos em uma pandemia; vacinas deliberadamente negligenciadas por autoridades; ameaças ao sistema eleitoral e à separação de Poderes; acampamentos diante de quartéis pedindo intervenção militar, tentativa de golpe de Estado com violência e destruição do patrimônio público, além de planos de assassinato contra autoridades da República”, comentou.
Ao final, Mendes reforçou a gravidade dos ataques às instituições e a impossibilidade de anistia para os responsáveis. “O que o Brasil realmente não aguenta mais são as sucessivas tentativas de golpe que, ao longo de sua história, ameaçaram a democracia e a liberdade do povo. É fundamental que se reafirme: crimes contra o Estado Democrático de Direito são insuscetíveis de perdão! Cabe às instituições puni-los com rigor e garantir que jamais se repitam”, concluiu.
Confira a postagem na íntegra:
No Dia da Independência, é oportuno reiterar que a verdadeira liberdade não nasce de ataques às instituições, mas do seu fortalecimento. Não há no Brasil “ditadura da toga”, tampouco ministros agindo como tiranos. O STF tem cumprido seu papel de guardião da Constituição e do…
— Gilmar Mendes (@gilmarmendes) September 7, 2025
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










