Por Kleber Karpov
O Brasil alcançou em 2025 um dos cenários mais críticos de endividamento empresarial desde o início da série histórica, com mais de 8 milhões de empresas negativadas, segundo dados da Serasa Experian e do Mapa de Empresas do governo federal. Desse total, 7,6 milhões de companhias são micro e pequenas, segmento responsável por grande parte dos 102,4 milhões de trabalhadores formais do país. O passivo acumulado nessas empresas ultrapassa R$ 130,5 bilhões, o que indica que uma em cada três empresas formais opera no vermelho, com comprometimento severo do fluxo de caixa.
A deterioração financeira tem origem em fatores combinados, como queda de faturamento, juros elevados, retração no crédito e falta de gestão especializada. Para Marcos Pelozato, advogado, contador e especialista em reestruturação empresarial há 14 anos, o problema se agrava porque a maior parte dos empresários ignora sinais de colapso.
A crise de liquidez
O empresário brasileiro costuma buscar ajuda somente quando a situação já fugiu do controle. Quando o caixa trava, o fornecedor fecha a torneira e a dívida explode, as alternativas ficam muito mais restritas, afirma Pelozato.
Pelozato ressalta que essa cultura de reação tardia potencializa a mortalidade de negócios, especialmente entre micro e pequenas empresas, público que mais sofre com oscilações de receita e o acúmulo rápido de passivos. O especialista reforça que a deterioração atual acende um alerta nacional. “Se mais de 7,6 milhões de empresas estão em risco e você faz parte desse grupo, esperar não é uma opção. A omissão é uma escolha pelo fechamento”.
A situação de inadimplência generalizada já produz efeitos sistêmicos. Com o aumento da restrição de crédito e o avanço das dívidas vencidas, empresas de menor porte têm perdido capacidade de honrar compromissos, renegociar com fornecedores e manter estoques básicos.
Preservação de empregos
A fragilidade financeira afeta não apenas a operação, mas a preservação de empregos. “Quando uma microempresa fecha, não é só o dono que perde. São milhões de famílias que sentem o impacto, porque esse segmento sustenta boa parte dos postos de trabalho formais”, explica Pelozato.
O especialista explica que, diante da escalada de passivos, restam dois caminhos: aderir a um processo profundo de reestruturação como o Conselho de Crise ou ingressar na Recuperação Judicial. Ambos exigem diagnóstico estruturado, reordenação do passivo e ação imediata. “A Recuperação Judicial não é uma confissão de fracasso. É uma ferramenta legal que protege empresas viáveis”.
Ele também defende que profissionais de contabilidade e direito precisam atuar de maneira preventiva, não apenas em momentos de colapso. “Falta conhecimento técnico entre empresários e até entre profissionais que deveriam orientar esses negócios. Sem essa preparação, muitas empresas acabam fechando sem sequer considerar alternativas legais de reorganização”, afirma Pelozato, ecoando apontamentos de pesquisas recentes sobre a escassez de especialistas em reestruturação.
Pelozato enfatiza que empresas travadas financeiramente precisam agir em questão de semanas, não meses. “A cada mês de atraso, a dívida cresce, o caixa diminui e as chances de recuperação despencam. Reorganizar o passivo, renegociar dívidas e comprovar a viabilidade econômica são etapas que precisam ser iniciadas imediatamente”, conclui.
Sobre Marcos Pelozato

Marcos Pelozato é advogado, contador e empresário com 14 anos de atuação no setor de reestruturação empresarial e recuperação judicial. Reconhecido como referência no segmento, presta assessoria estratégica a empresas em crise financeira, com foco em reorganização societária, gestão de passivos e recuperação de negócios.
À frente de um escritório especializado, Marcos também atua como mentor para advogados e contadores interessados em ingressar na área de reestruturação, com o objetivo de ampliar o número de profissionais capacitados a atuar diante da crescente demanda por soluções eficazes em gestão de crise.
Para mais informações, acesse: youtube.com/@marcospelozato.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










