Por Kleber Karpov
Um ato publicado na edição do Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) desta terça-feira (25/Nov) gerou ruídos que podem ter passar despercebidos na correria do Palácio do Buriti. A nomeação de Francisco Eraldo Soares, para a Vice-Governadoria, considerada por profissionais da Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF), como uma chancela da presidente do Sindicato dos Empregados de Estabelecimentos de Saúde de Brasília (SindSaúde-DF), Marli Rodrigues, trouxe à tona discussões sobre peso político e representatividade na base aliada do Distrito Federal.

A nomeação de Eraldo da Saúde, que recentemente estava a mobilizar servidores em assembleia do SindSaúde-DF, ocorre há cerca de um mês, após reunião de Marli Rodrigues com a vice-governadora do DF, Celina Leão (Progressistas), foi considerada por servidores como uma articulação vinculada a sindicalista.

No entanto a nomeação de Soares, conhecido por Eraldo da Saúde, enquanto candidato a deputado distrital, em 2022, pelo Progressistas, com apenas 800 votos, foi recebido com ceticismo. O número tímido contrasta com a ambição de um possível projeto político supostamente desenhado pelo grupo: sair candidato a deputado federal em uma dobradinha com Marli Rodrigues, essa, pré-candidata, postulante a uma vaga para a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), nas eleições de 2026.
Desconforto na base aliada
Se na ponta da saúde a nomeação gera críticas, na base política aliada o sentimento deve ser de desmotivação. Lideranças do Progressistas (PP) e suplentes que demonstraram força nas urnas, após terem ultrapassado a casa dos milhares de votos, veem com estranheza o espaço nobre concedido a um grupo com densidade eleitoral de apenas três dígitos.
Revolta na categoria
A aproximação institucional do grupo de Marli com a Vice-Governadoria acontece no momento de maior ‘divórcio’ entre a sindicalista e a base. Em especial dos servidores da carreira de Gestão e Assistência Pública à Saúde (GAPS) que repercutem com indignação as diversas posturas da sindicalista em negociações recentes, gastos milionários desnecessários e omissão para com a GAPS.
Conforme noticiado pelo PDNews, um dos casos icônicos que a categoria não esquece se deu com durante a reunião de representantes do Movimento Unificado da Carreira Gaps, com a então secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, em que Marli Rodrigues, por vídeo conferência se manifestou contrário as publicidades do próprio sindicato, reduziu os valores percentuais de reajuste salarial, em negociação pela categoria com a SES-DF, de 27% para 15% (Veja Aqui). Postura essa, vista como inexplicável pela base, que acabou por acelerar a fragmentação da representatividade do SidnSaúde-DF perante os servidores da SES-DF.

Representatividade
Importante observar que, embora o SindSaúde-DF tenha induzido a Justiça ao erro, por exemplo, ao se colocar como único representante dos servidores da carreira GAPS, o fato concreto é que os técnicos em Saúde Bucal, são representados pelo Sindicato dos Trabalhadores Técnicos e Auxiliares em Saúde Bucal do DF (SINTTASB), além dos técnicos em radiologia, pelo Sindicato dos Técnicos e Tecnólogos e Auxiliares em Radiologia do Distrito Federal (SINTTAR/DF), ambos detentores de carta sindical e tutores legitimamente constituídos.

Para além da representatividade sindical, a inércia, omissão e até tentativa de sabotagem por parte do Sindicato em relação à categoria GAPS, resultou na criação de da Associação dos Servidores Públicos da Saúde do DF (ASPSES-DF), extremamente forte que se somou aos sindicatos por intermedio do Movimento da Carreira GAPS. O que leva a sindicalista, a perder legitimidade para falar pelos servidores, com constante esvaziamento do poder de mobilização.
Consequentemente, Marli Rodrigues que vende imagem de quem tem poder de liderança e de aglomeração da categoria, corre o risco de ‘entregar’ uma baixa capacidade de transferência de votos. Dado o histórico enquanto de gestora do Sindaúde-DF, ou ao protagonizar e incorrer práticas criminais, inclusive com indiciamento por parte da Polícia Civil do DF (PCDF), com denúncias aceitas por parte do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT).
Quando a conta não fecha
O alerta que fica para a articulação política deve ser matemático. Agregar um grupo que briga contra a própria categoria e possui baixa performance nas urnas pode não somar ao projeto majoritário, mas sim subtrair o entusiasmo de quem realmente segura as bandeiras do governo nas ruas.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










