Por Kleber Karpov
As ações de prevenção, diagnóstico e tratamento da Infecção Sexualmente Transmissível (IST) causada pelo Human T-cell Lymphotropic Vírus (HTLV) devem ganhar destaque neste 10 de novembro, data em que se celebra o Dia Mundial do HTLV. O vírus, da mesma família do HIV e com semelhanças com o vírus causador da AIDS, é uma das ISTs que afeta o sistema imunológico e está no foco de atenção da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), com ênfase nas gestantes.
A preocupação com as gestantes é amplificada devido ao risco de transmissão da mãe para o bebê por meio da amamentação. Por este motivo, a Lei nº 7.619, de 2024, determinou a inclusão do teste de detecção do HTLV na lista de exames obrigatórios no pré-natal das gestantes do Distrito Federal. A porta de entrada para o acompanhamento e a testagem de HTLV em gestantes deve ser a Unidade Básica de Saúde (UBS).
Diagnóstico precoce e números
Antes mesmo da aprovação da lei, a Secretaria de Saúde já intensificava as medidas de prevenção ao vírus. Entre 2017 e 2024, por exemplo, a pasta deve ter realizado mais de 180 mil exames de triagem para HTLV nas gestantes, ainda no primeiro trimestre.
Os casos com resultados positivos passaram por novas testagens para se confirmar o diagnóstico. Quando a infecção é confirmada, a mulher deve iniciar o acompanhamento clínico e deve ser proibida de amamentar o bebê, tal como deve ocorrer com as portadoras do HIV.
Entre 2013 e 2023, houve o diagnóstico de 260 gestantes com infecção pelo HTLV no Distrito Federal. Esse número representa cerca de 0,7 casos para cada grupo de mil gestantes. O uso de preservativos nas relações sexuais é uma das principais medidas de prevenção contra o HTLV.
Infecção silenciosa e subdiagnosticada
A gerente de Vigilância de Infecções Sexualmente Transmissíveis (Gevist) da SES-DF, Beatriz Maciel Luz, ressaltou a importância de se conscientizar a população sobre o HTLV. Ela apontou para a baixa visibilidade social e a escassez de campanhas de comunicação.
“É uma infecção silenciosa e negligenciada, com baixa visibilidade social e poucas campanhas de comunicação. Além disso, ainda não existe tratamento curativo nem vacina disponível, e os casos muitas vezes permanecem subdiagnosticados. Por isso, o tema acaba sendo menos abordado em comparação a outras ISTs”, disse Luz. A gerente da Gevist estima que existam cerca de 2 mil pessoas vivendo com HTLV no Distrito Federal.
Ações de vigilância e capacitação
A SES-DF atua por meio da vigilância epidemiológica para identificar pacientes, e todo caso positivo deve ser de notificação compulsória. O Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (Lacen-DF) participa ativamente do monitoramento.
A Secretaria de Saúde também firmou parcerias com instituições como o Ministério da Saúde, a Fiocruz e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). As parcerias devem se concentrar nas ações de vigilância epidemiológica e nas atividades educativas.
Desde 2023, a pasta deve realizar oficinas de capacitação para profissionais de saúde, abordando o diagnóstico, a vigilância, o aconselhamento e o manejo clínico das pessoas com HTLV. A SES-DF também trabalha para se criar uma linha de cuidados específicos para os pacientes.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










