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05 dez 2025 05:17

“A terra não comporta mais o uso intensivo de combustíveis fósseis”, afirma Lula

Presidente defende transição energética baseada na eliminação da pobreza, no Acordo de Dubai e no incentivo a combustíveis sustentáveis

Por Kleber Karpov

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta sexta-feira (7/Nov), durante a Cúpula de Líderes da COP30, em Belém, no Pará, que o modelo de desenvolvimento mundial apoiado no uso intensivo de combustíveis fósseis está esgotado. Lula enfatizou que a matriz energética global precisa ser revista com urgência. Mudança deve se basear em três pilares: o cumprimento do Acordo de Dubai, a eliminação da pobreza energética e a aceleração da descarbonização.

O presidente da República destacou que o risco de colapso climático é iminente, exigindo uma reavaliação do sistema energético global. “As decisões que tomarmos com relação ao setor energético definirão nosso sucesso ou nosso fracasso na batalha contra a mudança do clima”, declarou.

O sistema global baseado no carbono, segundo Lula, não é mais sustentável. “A Terra não comporta mais o modelo de desenvolvimento baseado no uso intensivo de combustíveis fósseis que vigorou nos últimos 200 anos: 75% das emissões de gases do efeito estufa têm origem na produção e no consumo de energia. Não podemos nos omitir ou intimidar diante da magnitude desse dado”, alertou.

Tripé da transição e exemplo brasileiro

A transição energética justa, conforme defendeu Lula, deve ser construída sobre um tripé. O primeiro ponto é a implementação do acordo firmado em Dubai, que prevê o triplo de energia renovável e o dobro de eficiência energética até 2030. O segundo é a eliminação da pobreza energética. O terceiro ponto é a adesão ao Compromisso de Belém, visando a quadruplicação do uso de combustíveis sustentáveis até 2035 e a descarbonização acelerada em setores complexos.

Em contrapartida ao modelo fóssil, o presidente exaltou o Brasil como referência. Segundo ele, a ciência e a tecnologia atuais permitem a evolução segura para fontes limpas. “O Brasil não tem medo de discutir a transição energética. Somos líderes nessa área há décadas”, lembrou o presidente.

Lula citou que, historicamente, o país investe em alternativas renováveis desde a década de 1970, sendo que 90% da matriz elétrica nacional provém de fontes limpas. Além disso, a nação é pioneira no desenvolvimento de motores flexíveis e o segundo maior produtor mundial de biocombustíveis. A gasolina brasileira tem 30% de etanol na composição e o diesel conta com 15% de biodiesel. Segundo o presidente, o etanol é uma alternativa eficaz e está imediatamente disponível para adoção em setores desafiadores, como transportes e indústria.

Desafios e oportunidades

Apesar do otimismo, o presidente ressaltou que o progresso na redução de emissões ainda é lento, indicando que os acordos internacionais precisam ser cumpridos e as políticas econômicas, revistas. Ele alertou que os incentivos financeiros caminham frequentemente em sentido oposto ao da sustentabilidade.

“No ano passado, os 65 maiores bancos se comprometeram a conceder 869 bilhões de dólares ao setor de petróleo e gás. Desde a adoção do Acordo de Paris, a participação dos combustíveis fósseis na matriz energética global caiu apenas de 83% para 80%, afirmou Lula, ao demonstrar a resistência do setor fóssil.

Outro ponto de urgência fundamental é a eliminação da pobreza energética. O presidente lembrou que dois bilhões de pessoas carecem de acesso a combustíveis adequados para cozinhar. Além disso, 660 milhões dependem de geradores a diesel ou lamparinas em periferias e comunidades rurais da África, da Ásia e da América Latina.

A situação atinge a educação e a saúde: “São 200 milhões de crianças que frequentam escolas sem acesso à luz elétrica. Sem energia, não há conexão digital, hospitais funcionando ou agricultura moderna”, lamentou.

Contudo, a transição energética também se configura como uma oportunidade de desenvolvimento. O setor foi responsável por 10% do crescimento do PIB global no ano de 2023 e empregou 35 milhões de pessoas. Segundo Lula, a transição é indissociável da discussão sobre minerais críticos, essenciais para painéis solares, baterias e sistemas de energia. Os países em desenvolvimento, para gerar renda e gozar de segurança energética, precisam participar de todas as etapas dessa cadeia global de valor, defendeu o presidente.

Conflitos, financiamento e futuro

Os conflitos armados e as tensões geopolíticas foram apontados como fatores que dificultam o alcance de metas ambientais mais ousadas. “O conflito na Ucrânia reverteu anos de esforços para redução de emissões de gases de efeito estufa e levou à reabertura de minas de carvão. Gastar com armas o dobro do que destinamos à ação climática é pavimentar o caminho para o apocalipse climático”, disparou o presidente.

Para Lula, é crucial que haja um incremento no financiamento do combate à mudança climática. O presidente considera que o processo justo e ordenado de afastamento dos combustíveis fósseis exige acesso a tecnologias e capital para o Sul Global.

Entre as propostas apresentadas, a de direcionar parte dos lucros da exploração de petróleo para a transição energética é válida para os países em desenvolvimento. “O Brasil estabelecerá um Fundo dessa natureza para financiar o enfrentamento da mudança do clima e promover justiça climática”, concluiu Lula. Os líderes, agora, precisam decidir se este século será lembrado pela catástrofe climática ou pela reconstrução inteligente.

Veja na íntegra do discurso de Lula




Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894 Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.

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