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28 abr 2024 07:29


O BRICS mostra seu alcance

Por Pedro Paulo Rezende

A 15ª Reunião de Cúpula do BRICS, marcada para 22 de agosto, será histórica. Os cinco países integrantes do bloco — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — decidirão a adesão de novos sócios entre outros temas importantes, como a institucionalização do organismo, ainda hoje informal e sem uma estrutura fixa. No total, há 19 nações candidatas localizadas na África, nas Américas e na Ásia. Este processo se insere no que a mídia começa a chamar de BRICS Plus. Em verdade, os países candidatos já se beneficiam das ações atuais do grupo (leia mais aqui) por meio de mecanismos de financiamento do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), criado em 2014, durante a 6ª Reunião de Cúpula, em Fortaleza, Ceará. Esta atuação coordenada dos sócios da organização em ambiente extrabloco criou um neologismo: o BRICS Outreach.

O BRICS Outreach impacta o entorno de cada um dos países membros por meio das ações políticas e econômicas do bloco. Outra área de atuação está em ações concertadas junto a organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), onde os cinco sócios atuais atuam na defesa intransigente de uma reforma do Conselho de Segurança, com a ampliação do número de membros permanentes de quatro (por ordem alfabética, China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia) para sete integrantes. Somar-se-iam aos quatro grandes representantes para a África (provavelmente África do Sul ou Egito); América Latina, (Brasil), e Ásia (Índia).

Um dos pontos que atrai países interessados em linhas de crédito do NBD está no caráter não ideológico do bloco. Não há nenhuma imposição para a concessão de empréstimos ou para se criar linhas de financiamento. Por trás do Fundo Monetário Internacional (FMI) existe uma filosofia apoiada no pensamento neoliberal que é imposta aos devedores. A Argentina é um bom exemplo. Para fornecer dinheiro ao governo do ex-presidente Mauricio Maccri, que pretendia honrar empréstimos antigos, a administração pública foi obrigada a realizar uma reforma no sistema previdenciário, reduzir a máquina pública, estatizar empresas e dar uma pausa em projetos de infraestrutura. É preciso ressaltar que o grosso da dívida externa argentina foi contraído na reforma neoliberal de Martínez de Hoz durante o governo do general Jorge Videla (1976 a 1981) e na tentativa frustrada do ex-presidente Carlos Menem de dolarizar o país na década de 1990 . Em lugar de reduzir a inflação, o pacote do FMI jogou o país em um atoleiro recessivo e, para piorar, inflacionário. Com a subida ao poder de Alberto Fernandez, a Argentina voltou a crescer, mas a alta de preços (dolarizados) explodiu o peso. Obviamente, isto favorece mais um instrumento do BRICS Outreach: o pagamento em moeda nacional, um dos pontos que será discutido na reunião de agosto. (Leia mais aqui)

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