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26 abr 2024 20:53


Falta de pelo menos 77 remédios na rede pública do DF deixa pacientes apreensivos: ‘Risco de sequelas’

Medicamentos são usados em tratamentos contínuos e falta das substâncias pode comprometer resultados. Substâncias deveriam ser disponibilizadas em UBSs e Farmácias de Alto Custo.

Por Walder Galvão

Pelo menos 77 medicamentos, que deveriam ser fornecidos gratuitamente, estão em falta na rede pública do Distrito Federal. Um levantamento da Secretaria de Saúde (SES-DF) mostra que, dos remédios indisponíveis em estoque, 48 deveriam ser distribuídos nas Farmácias de Alto Custo e 29, nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs).

A situação preocupa pacientes que precisam dos remédios e não podem custeá-los fora da rede pública. A falta das substâncias pode causar até complicações nos tratamentos.

A professora Lucianna Maria dos Santos, de 35 anos, é uma dessas pessoas. Diagnosticada com esclerose múltipla, ela deveria ter tomado o medicamento natalizumabe na quinta-feira (22), porém, não conseguiu (veja mais abaixo).

“Se não tomar o medicamento, corro risco de ter uma sequela muito grave e parar em uma cadeira de rodas. Não quero que isso aconteça e eu pare de exercer minha profissão, que eu gosto muito”, afirma a educadora, que leciona educação física.

Abastecimento

Entre os remédios indisponíveis, há substâncias usadas para tratar doenças como meningite, disenteria, infecção urinária, entre outras. O levantamento das Farmácias de Alto Custo é desta sexta-feira (23) e das UBSs, desta quinta (22).

Na página da Secretaria de Saúde, é possível consultar os remédios sem estoque. O sistema mostra que, do total indisponível, apenas sete possuíam previsão de reabastecimento. No entanto, todos os prazos previstos já se esgotaram (veja imagem abaixo).

Remédios com previsão de abastecimento nas Farmácias de Alto Custo do DF — Foto: SES-DF

Entre os medicamentos em falta nas Farmácias de Alto Custo, a aquisição de 34 é de responsabilidade da Secretaria de Saúde. Outros 14 devem ser comprados pelo Ministério da Saúde. No caso das UBSs, o abastecimento de 19 substâncias é feito pelo governo federal e de 10, pelo local.

O G1 questionou ambas as pastas sobre a falta dos medicamentos. Porém, nenhuma respondeu até a última atualização desta reportagem.

‘Tratamento essencial’

Segundo a professora Lucianna Maria dos Santos, o medicamento natalizumabe impede que a esclerose múltipla evolua mais rapidamente e cause sequelas. “Sem o remédio, podemos ter surtos no sistema nervoso central, que pode atingir nossos sentidos, como fala, visão e audição”, conta.

A doença atinge a capacidade dela de caminhar. A educadora, que atua na rede pública do DF, afirma que o remédio é fornecido pela Farmácia de Alto Custo e aplicado no Hospital de Base. Ela precisa tomar uma dose por mês.

“A gente não tem acesso a ele [o remédio]. O preço é muito caro. Sou servidora pública e não consigo custear, imagina quem vive de auxílio-doença?”, questiona.

A presidente da Associação de Pessoas com Esclerose Múltipla (Apemigos) do Distrito Federal, Ana Paula Morais, de 36 anos, diz que a dose do remédio custa entre R$ 7 mil e R$ 9 mil.

Segundo Ana, a medicação está em falta há cerca de 45 dias no Distrito Federal e existem, aproximadamente, 800 pessoas diagnosticadas com esclerose múltipla na capital. “Nem todas usam a natalizumabe, mas as que precisam sofrem com problemas de acesso”, afirma.

SourceG1 DF

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