Por Kleber Karpov
O ex-ministro José Dirceu (PT), defendeu na segunda-feira (25/Nov), a cobrança, por parte do Senado Federal em relação a atuação, e eventuais omissões de fiscalização por parte do Banco Central (BC). A cobrança ocorre, a partir do escândalo do Banco Master que pode ter que recorrer ao aporte de R$ 50 bilhões do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) mas passa, dentre as críticas, sobre a supervisão da autoridade monetária em relação à expansão desordenada de fintechs e a suposta infiltração de organizações criminosas no sistema financeiro nacional, além da manutenção das taxas de juros da Selic a 15% ao ano.
Colapso na fiscalização
Em vídeo publicado nas redes sociais, repercutido pelo blog da Cris, o ex-ministro de gestão anterior do, atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), argumenta que o caso do Banco Master evidencia uma falha estrutural nos mecanismos de controle da autarquia. O episódio expôs cerca de 1,6 milhão de aplicadores a riscos financeiros elevados e pressionou o FGC. O político questiona ainda a ausência de monitoramento preventivo durante o crescimento exponencial de bancos digitais e empresas de pagamento nos últimos anos.
Segundo o ex-deputado, a multiplicação dessas instituições ocorreu sem a devida contrapartida em rigor fiscalizatório. A avaliação aponta para um cenário onde a facilidade de homologação de novas instituições financeiras, característica de gestões recentes do BC, resultou em vulnerabilidade sistêmica.
Infiltração criminosa
Um dos pontos centrais dos questionamentos de Dirceu envolve a segurança pública. Investigações recentes indicam que facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), utilizam a estrutura de novas fintechs para lavagem de dinheiro e operações ilícitas.
Para Dirceu, essa permeabilidade do sistema financeiro comprova a inexistência de uma fiscalização real. “Como foi possível acontecer o que aconteceu com o Banco Master? Como é possível surgir tantas fintechs, tantas empresas de meios de pagamento […] quem fiscaliza o Banco Central? Como foi possível o PCC se infiltrar nas fintechs?”, questionou José Dirceu.
Política monetária em xeque
A crítica se estende à política de juros mantida pela autoridade monetária. O ex-ministro associa as distorções do mercado, que permitem ofertas de remuneração de até 30% ao ano, ao patamar elevado da taxa Selic.
Dirceu classifica como insustentável a manutenção de juros reais em níveis que considera discrepantes da realidade internacional. “Como é possível oferecer juros de 25, 30% ao ano? Aliás, como é possível manter uma Selic de 15%, juros reais de 10% no mundo e ninguém paga mais que 2,5% de juros reais? Isso levará o país a uma gravíssima crise, é hora de deter a impunidade e a irresponsabilidade”, afirmou.
Responsabilidade institucional
A demanda por uma cobrança de explicações, por parte de Dirceu, provoca o Senado Federal a convocar a direção do Banco Central para prestar esclarecimentos. O objetivo deve ser apurar não apenas o colapso do Banco Master, mas o modelo de regulação que permitiu o surgimento de instituições sob suspeita.
A discussão sobre a condução da política econômica e a postura da autarquia dialoga com análises anteriores publicadas por este veículo. A atual gestão do Banco Central, sob presidência de Gabriel Galípolo, enfrenta o desafio de equilibrar a credibilidade institucional com as pressões por crescimento e controle inflacionário, muitas vezes reagindo a especulações de mercado.
Sobre o caso concreto, PDNEws, publicou reportagem intitulada ‘Política econômica do governo federal reflete zelo, medo dos erros ou das especulações do ‘mercado’?‘ (09/Fev),
sobre posição do ex-deputado estadual paranaense, Tony Garcia, que por meio utilizou a rede social X (ex-Twitter)(8/Fev), questionou Lula além de, “apontar erros” a serem corrigidos com “potencial para levá-lo à ruína”.
Garcia indagou sobre a manutenção das diretrizes estabelecidas pelo ex-presidente do BC, Campos Neto, indicado pelo ex-chefe do Executivo, Jair Messias Bolsonaro (PL-RJ), por parte de Galípolo que, conforme Garcia, se soma a “toda a diretoria do BC” como indicações de Lula e de Haddad. Em especial à manutenção da taxa de juros da Selic. Ocaião em que o ex-deputado classificou de hipocrisia, a condução da política econômica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT/SP). Além de confrontar posições em relação a gestores do Banco Central (BC).
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










