Por Gustavo Frasão
Jair Bolsonaro sabe que o fim está próximo — e não é o fim do “sistema”, como tenta vender aos fanáticos que ainda o seguem, mas o fim da própria liberdade. A prisão domiciliar decretada pelo ministro Alexandre de Moraes não foi acidente. Foi provocada. Calculada. Previsível. Um movimento deliberado de quem sabe que o cerco se fecha e tenta se antecipar ao inevitável: a prisão penal, em regime fechado, por tentativa de golpe de Estado, por crimes contra a democracia, por ataques às instituições, pela construção de uma milícia digital e pela velha e conhecida corrupção que há décadas marca sua trajetória.
Com histórico de rachadinhas, fraude em cartões corporativos, peculato, formação de quadrilha e enriquecimento ilícito, Jair Messias Bolsonaro hoje veste tornozeleira, responde a múltiplos inquéritos e, ainda assim, desafia a Justiça. Descumpriu medidas cautelares pela segunda vez em poucas semanas, usando telefone celular e participando de ato político por terceiros — exatamente o que estava proibido de fazer. E o fez não por ignorância, mas por estratégia. Aposta na narrativa do perseguido. Do injustiçado. Do cristão crucificado pela “elite togada”. Aposta no vitimismo como tábua de salvação.
Mas a Justiça brasileira não é um teatro nem uma tenda de fanáticos. É o fórum da lei. E Jair Bolsonaro, mesmo com todas as garantias constitucionais preservadas, segue insultando o Judiciário, zombando das instituições e flertando com a ruptura democrática.
A prisão domiciliar não é exagero — é resposta. É contenção de danos. É o mínimo diante de quem, mesmo inelegível, continua a insuflar, articular, espalhar mentiras e fomentar o caos.
Uma lei contra si mesmo — e a serviço da democracia
Bolsonaro é réu por tentativa de golpe de Estado com base na Lei 14.197/21 — sancionada por ele mesmo — que tipifica os crimes contra o Estado Democrático de Direito. Trata-se de crime de lesa-pátria, de natureza gravíssima, imprescritível, inafiançável e incompatível com qualquer tentativa de anistia ampla e irrestrita. E aqui é necessário ser claro: a tentativa de golpe é crime, mesmo que fracassada. Articular, planejar, incitar, apoiar — tudo isso configura o delito. Não é preciso portar armas, dar ordens explícitas ou liderar pessoalmente. Um chefão mafioso também manda de longe. E Bolsonaro, mesmo em Miami, comandava.
Quem defende anistia total, defende o esquecimento. Mas não se anistia quem tentou destruir a democracia. A eventual reconciliação nacional precisa excluir os mandantes, os líderes, os cabeças do golpe. E Jair Bolsonaro é, inegavelmente, o principal deles.
Flávio e Eduardo: sabotagem internacional como herança familiar
Enquanto o pai brinca de preso político, os filhos atuam como agentes internacionais da vergonha. Flávio Bolsonaro, senador, divulgou um vídeo com a voz do pai em ato político bolsonarista — prova direta do descumprimento de medidas judiciais. Apagou depois. Mas a infração já estava consumada.
Pior ainda é o papel de Eduardo Bolsonaro. Autoexilado nos Estados Unidos, o deputado virou garoto-propaganda de sanções internacionais contra o Brasil. Isso mesmo: um parlamentar brasileiro articulando retaliações econômicas contra seu próprio país, em conluio com o governo Trump. Que tipo de patriota clama por tarifaço, bloqueio de contas, perseguição a ministros do STF, suspensão de vistos e sanções à própria Nação — tudo em nome da impunidade do pai?
A resposta é simples: Eduardo Bolsonaro comete crime de lesa-pátria ao vivo, diante das câmeras. Pede punição ao Judiciário brasileiro, instiga desinformação no exterior e sabota o Brasil em busca de proteção familiar. Isso não é diplomacia. É traição. É indigno. É antidemocrático.
A farsa do mártir e a falência moral
Bolsonaro não está sendo perseguido. Está sendo responsabilizado. Com amplo direito de defesa, contraditório e julgamento público. Não há tribunal de exceção, não há censura, não há golpe do Supremo. O que há é a reação da democracia contra quem tentou destruí-la.
Mas, sem ideias, sem plano de governo, sem força eleitoral e sem coragem de encarar o tribunal da História, o ex-presidente aposta na encenação: se apresenta como preso político, como Cristo injustiçado, como o novo Mandela — ironia grotesca para quem atacou negros, mulheres, indígenas, LGBTs, jornalistas, professores, ambientalistas e servidores públicos. Para quem zombou de 700 mil mortos pela pandemia. Para quem ridicularizou a dor e glorificou o armamento.
Nem de longe representa o Cristo que diz seguir. Bolsonaro foi o maior blasfemo da história recente da República. Seu slogan — “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” — nunca passou de propaganda enganosa. O Brasil, para ele, sempre esteve abaixo da própria vaidade. Deus, apenas como escudo de conveniência. Ele não representa o cristianismo, nem os valores evangélicos, nem o amor ao próximo. Representa apenas a si mesmo, sua sede de poder, sua obsessão por vingança e seu desespero de impunidade.
Ou seja… a queda é dele, não da democracia, menos ainda do Brasil
Jair Bolsonaro está preso em casa porque violou a lei, deliberadamente. É reincidente. É investigado. É réu. E, a cada passo, tenta subverter o sistema para sair como vítima, quando, na verdade, é o algoz.
Enquanto seus filhos afundam o país em chantagens internacionais, ele se agarra ao papel de mártir para tentar escapar do peso da Justiça. Mas a democracia brasileira resistiu. E seguirá resistindo. A verdade, os fatos e a Constituição vencerão — apesar das mentiras, da manipulação e da tentativa de cooptação de instituições estrangeiras.
O que está em curso não é perseguição. É justiça. A democracia brasileira não cairá com Jair Bolsonaro. Ela já sobreviveu a ele. Agora, se fortalece ao eliminá-lo como ameaça. O slogan bolsonarista — “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” — revelou-se uma falácia vergonhosa. Bolsonaro nunca colocou o Brasil acima de si. E Deus jamais compactuaria com o ódio, a mentira e a corrupção.
A democracia está — e sempre estará — acima dele.

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