Por Kleber Karpov
Pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) desenvolvem uma linha de investigação inovadora que utiliza moléculas derivadas da peçonha de vespas sociais para o tratamento do transtorno do espectro autista (TEA). O projeto, coordenado pela professora Márcia Renata Mortari, do Laboratório de Neurofarmacologia, conta com fomento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF). A pesquisa avalia o potencial dos neuropeptídeos NeuroVAL e Protonectina-F, que devem atuar nos mecanismos neurobiológicos do transtorno para melhorar a sociabilidade e reduzir comportamentos repetitivos.

Mecanismo e nanotecnologia
A investigação foca na capacidade dessas moléculas de modular sistemas de neurotransmissão alterados no TEA, como os sistemas dopaminérgico e serotoninérgico. Para superar a rápida degradação dos peptídeos no organismo, o grupo associa as substâncias à nanotecnologia. O método permite a administração intranasal, garantindo que os compostos alcancem o cérebro de forma mais eficiente e segura, evitando barreiras gástricas.
“O financiamento possibilitou não apenas a execução do projeto, mas a consolidação de uma linha de pesquisa com potencial translacional real”, afirmou Márcia Renata.
Resultados experimentais
Os testes realizados em modelos animais apresentaram indicadores positivos após a aplicação das formulações. Os resultados preliminares apontaram maior interação social, redução de comportamentos repetitivos e diminuição dos níveis de ansiedade nos grupos tratados. A equipe utiliza metodologias consagradas na neurociência, como o teste de sociabilidade em três câmaras e o labirinto em cruz elevado, para validar a eficácia das moléculas bioinspiradas.
Inovação e mercado

O grupo de pesquisa atua há duas décadas no estudo de peçonhas e já mantém articulações com a indústria farmacêutica para o licenciamento do peptídeo NeuroVAL. Além do autismo, os cientistas preveem que as moléculas possam ter aplicações em outros quadros neurológicos, como epilepsia, depressão e dor crônica. O projeto também contribui para a formação de recursos humanos qualificados no Distrito Federal, envolvendo bolsistas de graduação e pós-graduação.
“Trabalhamos com moléculas bioinspiradas na natureza, mas estrategicamente modificadas para que sejam seguras, seletivas e aplicáveis do ponto de vista terapêutico”, explicou a pesquisadora.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.












