Por Kleber Karpov
O Distrito Federal deve registrar um aumento expressivo no número de professores da educação básica isentos do Imposto de Renda (IR) a partir de 2026. Segundo nota técnica publicada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a nova faixa de isenção para quem ganha até R$ 5 mil mensais, sancionada pelo Governo Federal, fará com que o percentual de docentes isentos na capital suba de 10,3% para 24,3%. A medida também estabelece descontos progressivos para rendas de até R$ 7.350 mensais.
A estimativa do Ipea aponta que 13,3% dos professores brasilienses serão contemplados com a redução das alíquotas de pagamento. Com a reformulação da tabela, o grupo de docentes tributado com a alíquota máxima de 27,5% deve cair de 77% para 62,4% no Distrito Federal. Embora a capital federal apresente salários relativamente mais altos no magistério, a reforma garante um aumento direto na renda disponível de mais de um terço da categoria no território.
Impacto nacional e ’14º salário’
Em todo o país, 620 mil professores da educação básica deixarão de pagar o tributo, elevando o total de isentos para 51,6% da categoria. O coordenador de educação do Ipea, Paulo Nascimento, explica que o ganho médio anual para quem recebe próximo ao piso nacional (R$ 4.867,77) deve chegar a R$ 5.079,84. O valor equivale a quase um salário adicional por ano. “É como um 14º salário derivado apenas da reforma tributária”, afirma o pesquisador.
O estudo destaca ainda que a ampliação da isenção terá efeitos distintos entre as redes de ensino. Na rede privada, 82,2% dos professores estarão isentos após a reforma, índice superior aos 42,5% projetados para a rede pública nacional. A disparidade reflete a estrutura salarial dos segmentos, uma vez que o setor privado costuma remunerar com valores inferiores ao piso salarial do magistério público e operar com jornadas parciais.
Faixas de rendimento
Para realizar o mapeamento, os pesquisadores utilizaram dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2022, corrigidos pela inflação (INPC) até outubro de 2025. O cálculo considerou o salário bruto anual, excluindo o 13º salário e deduções legais. O Ipea dividiu os docentes em três faixas, sendo a primeira composta pelos isentos, cujo limite anual saltou de R$ 28.467,20 para R$ 60.000,00 com a nova legislação.
Os estados de Alagoas, Minas Gerais e Paraíba figuram entre os mais beneficiados, com mais de 60% dos docentes isentos. Já o Distrito Federal, ao lado de Amapá e Pará, mantém percentuais elevados na faixa de alíquota máxima devido à média salarial superior da rede pública. A reforma visa valorizar a carreira docente ao reduzir a carga tributária sobre profissionais que recebem remunerações próximas ao piso da categoria.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.











