Por Kleber Karpov
A relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para os territórios palestinos ocupados, Francesca Albanese, lançou nesta sexta-feira (3/Out), uma estimativa que expõe a precariedade dos registos oficiais de guerra. Segundo Francesca Albanese o número real de palestinos mortos em Gaza, após 710 dias de “horror absoluto”, pode alcançar os 680 mil palestinos. A cifra é dez vezes superior aos cerca de 65 mil reportados.
De acordo com a relatora da ONU, tal projeção se baseia em cálculos de acadêmicos e, de cientistas, que observam a escala da devastação para calcular o número verdadeiro de vítimas, ironicamente chamadas de “efeitos colaterais”.
Caso se confirme este número aterrador, ainda de acordo com Francesca Albanese, a escala da tragédia humanitária ganha proporções dantescas, com estimativa de haver, dentre as vítimas, 380 mil vítimas crianças menores de cinco anos. A multiplicação dos números por dez indica que a destruição massiva de infraestruturas, habitações e o desaparecimento de corpos sob os escombros criam uma margem de erro tão grande que a verdade sobre Gaza está, literalmente, enterrada.
O paradoxo da verificação
Francesca Albanese sublinhou a dificuldade institucional em provar ou refutar o número de 680 mil. O principal obstáculo é o que ela chama de “proibição” à entrada de investigadores e especialistas independentes na Faixa de Gaza. “Seria difícil provar este número, especialmente se os investigadores e outros ficassem proibidos de entrar no território palestino ocupado e, em particular, na Faixa de Gaza”, declarou a relatora.
Essa proibição de acesso a investigadores e à imprensa livre garante que o horror de Gaza permaneça, em grande parte, uma estatística contestada. Francesca Albanese havia apresentado, em relatório ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, argumentos que qualificavam a situação como um genocídio, postura que lhe rendeu sanções e que reforça o clima de desconfiança em torno das informações divulgadas.
A única certeza, para a relatora da ONU e para os acadêmicos que apoiam a projeção mais alta, é que a magnitude da destruição física e demográfica de Gaza faz com que os números oficiais se tornem um mero detalhe burocrático, perante uma catástrofe humana que continuará a ser contada por gerações. A verdade, como se vê, depende da capacidade de escavar o que se insiste em soterrar.
Genocídio praticado por Israel
O número de 65 mil vítimas era, por si só, alarmante, com a própria relatora a apontar que 75% dessas mortes são mulheres e crianças. A nova projeção de 680 mil, porém, desmantela a confiança nos dados oficiais, e reforça que a atribuição de prática de genocídio, por parte do governo de Israel, de prática de genocídio pode ir muito além dos quatro casos indicados pela própria ONU, em investigação independente solicitada pelo Conselho de Direitos Humanos (CDH) da ONU, anunciado em setembro.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










