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11 dez 2024 03:57


Criptorama 2024 discute prioridades do Banco Central: stablecoins e tokenização lideram agenda regulatória de 2025

Evento reuniu mais de 100 especialistas para discutir regulação, inovação e perspectivas do mercado digital

O Criptorama 2024, maior evento de criptoeconomia do Brasil, destacou a confirmação de que o Banco Central continuará avançando na regulação do mercado de ativos digitais em 2025, com foco prioritário em stablecoins e na tokenização de ativos. O tema permeou os debates em diversos painéis, que reuniram reguladores e especialistas para reforçar a importância de um arcabouço regulatório robusto, capaz de equilibrar inovação e segurança, promovendo um ambiente favorável ao desenvolvimento do setor.

Já na abertura do evento, Bernardo Srur, CEO da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABcripto), reforçou o papel estratégico da regulação para impulsionar a economia digital no Brasil. “Estamos vivenciando um momento de transformação no mercado financeiro. O debate qualificado sobre regulação e inovação é essencial para garantir a evolução sustentável do setor”, afirmou Srur.

O evento também trouxe luz aos avanços do Drex, a moeda digital do Banco Central, apontada como um projeto que visa integrar a simplicidade e acessibilidade das criptomoedas ao sistema financeiro tradicional. Segundo Fabio Araújo, coordenador do Drex no BC, a proposta inclui ampliar o acesso a serviços financeiros, possibilitar a tokenização de ativos e criar um ambiente mais inclusivo para investidores e empresas. “O Drex está sendo construído para democratizar o mercado de capitais e simplificar o acesso ao crédito”, destacou Araújo.

Para Antônio Marcos Guimarães, do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central, as stablecoins representam desafios distintos, principalmente devido ao seu impacto na política monetária. Já a tokenização é vista como uma ferramenta estratégica e poderosa para expandir o acesso a investimentos e promover maior inclusão financeira.

Primeiro dia: regulação e educação como pilares de crescimento

No painel sobre tokenização no mercado financeiro, especialistas discutiram tanto os desafios quanto as oportunidades que surgem com a inovação. Tatiana Revoredo, cofundadora do The Global Strategy, afirmou: “O Brasil precisa avançar nas estruturas de descentralização de ativos para se alinhar às finanças globais.” Jonatas Montanini, co-CEO da Zuvia, ressaltou a relevância de sandboxes regulatórios como ambiente ideal para testar novos modelos de negócios.

Outro ponto de destaque foi a tokenização de dívidas e equity crowdfunding, com Daniel Coquieri, CEO da Liqi Digital Assets, destacando o potencial para emissão de dívidas no mercado brasileiro. “A tokenização está amadurecendo e criando soluções práticas para o setor financeiro”, disse.

Encerrando o primeiro dia, o procurador da República Alexandre Senra trouxe um alerta importante sobre os desafios relacionados aos crimes digitais. “Não existe prevenção mais efetiva do que a educação. Precisamos capacitar os usuários para compreenderem os riscos e tomarem decisões conscientes.”

Segundo dia: desafios e avanços na regulação do setor

Como já mencionado anteriormente, o segundo dia apresentou debates fundamentais sobre o Drex, a moeda digital do Banco Central. Fabio Araújo, coordenador do projeto no BC, afirmou que a CBDC brasileira foi desenvolvida para ampliar o acesso a serviços financeiros e fomentar a inclusão. Durante o painel “Drex em 2025: Uma Nova Era em Construção”, Araújo ressaltou: “Nosso objetivo é oferecer um acesso simples e intuitivo para os cidadãos, com soluções práticas que promovam segurança e inovação. Estamos dialogando com o mercado para criar serviços financeiros que beneficiem a população de forma inclusiva.”

Ele também abordou questões sobre a descentralização do Drex e explicou como o uso de tecnologias avançadas, como as provas de conhecimento zero (ZKP), será fundamental para garantir a privacidade dos usuários, sem renunciar à transparência e segurança nas transações.

Iniciativas de destaque

A concessão do Selo ABcripto de Autorregulação PLD/FT foi um dos principais destaques do evento. As empresas BityBank, Coinext, Foxbit, PeerBR, plataforma de investimentos do Grupo GCB, Liqi, Parfin, Ripio, Urban Cripto e Zro Bank foram reconhecidas pelo compromisso com boas práticas e adequação regulatória. Segundo Bernardo Srur, o resultado reforça o papel da entidade no fortalecimento do setor: “Nosso programa tem como objetivo principal garantir que as empresas estejam alinhadas aos padrões exigidos pela regulação, fortalecendo a confiança de investidores e parceiros. A entrega do Selo de Excelência é um reconhecimento às organizações que trilharam esse caminho com compromisso e responsabilidade.”

Outro marco importante foi o Acordo de Cooperação Técnica entre a ABcripto e o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que irá impulsionar iniciativas educacionais, o desenvolvimento de sistemas eletrônicos para ordens judiciais, elaboração de materiais técnicos e workshops voltados para a promoção de boas práticas no mercado nacional e internacional. “Trata-se de um movimento que vai continuar a desafiar o universo jurídico”, disse Atalá Correia, Juiz de Direito no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios.

A principal meta do acordo é a criação de um sistema eletrônico que otimize o cumprimento de decisões judiciais envolvendo criptoativos, além de apoiar o credenciamento do Ministério Público junto a prestadoras de serviços de ativos virtuais (PSAV).

Encerramento e perspectivas

O Criptorama 2024 reforçou a relevância do Brasil no cenário global da criptoeconomia, trazendo à tona debates sobre o impacto da tecnologia blockchain, tokenização e inteligência artificial no futuro do mercado financeiro e da sociedade. Segundo Bernardo Srur, “o evento não apenas apontou caminhos para superar desafios regulatórios e de segurança, mas também consolidou o Brasil como um hub de inovação e desenvolvimento no setor cripto.”

O Criptorama foi realizado pela ABcripto e contou com o apoio de patrocinadores como Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), B3 Digitas, BitGo, Cainvest, CBA Advogados, Chainalysis, Coinext, Foxbit, GCB Investimentos, Itaú, Klever, Liqi, NovaDax, Núclea, Opus Software, PeerBR, Ripio, Ripple, Tether, VDV Advogados, Visa e Zro Bank, além do apoio institucional da São Paulo Negócios. O evento reforçou o compromisso da Associação de promover um mercado mais transparente e inovador, impulsionando o crescimento sustentável do setor no Brasil.

Sobre a ABcripto

A Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto) representa o setor de ativos digitais no país (o bitcoin é o mais conhecido deles). Trabalha para a organização e desenvolvimento do ambiente de negócios, representa os interesses dos participantes do mercado e colabora para a construção de políticas públicas e privadas que fomentem a inovação e garanta direitos dos investidores. Tem a missão de aproximar os brasileiros do mercado cripto e reunir os agentes responsáveis pelo desenvolvimento desta nova infraestrutura de serviços financeiros.