Por Kleber Karpov
O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, detalhou, nesta segunda-feira (29/Dez), em Brasília, um plano de reestruturação para conter o deficit estrutural da companhia. A proposta estabelece o fechamento de mil agências próprias e a redução de 15 mil postos de trabalho por meio de planos de demissão voluntária (PDVs) até 2027. Para viabilizar a operação, a estatal contratou um empréstimo de R$ 12 bilhões com garantia do Tesouro Nacional. O aporte deve assegurar a manutenção dos serviços e a regularização de passivos após sucessivos resultados negativos.
A diretoria da estatal oficializou o crédito de R$ 12 bilhões junto a um consórcio de cinco instituições bancárias na última sexta-feira (26/Dez). O Tesouro Nacional autorizou a operação com garantia da União após rejeitar um pedido inicial de R$ 20 bilhões. A primeira parcela do recurso deve ingressar no caixa da empresa nesta segunda-feira. O contrato possui prazo de 15 anos e taxa de 115% do CDI, com carência de três anos para o início dos pagamentos.
A necessidade de captação de recursos decorre da crise financeira que a estatal atravessa desde 2022. Os registros contábeis de 2025 indicam um saldo negativo de R$ 6 bilhões apenas nos primeiros nove meses. O patrimônio líquido da companhia se encontra negativo em R$ 10,4 bilhões. Rondon admitiu que a empresa ainda busca outros R$ 8 bilhões para equilibrar as contas no próximo exercício financeiro.
Corte de gastos e fechamento de unidades
O plano de reestruturação prevê a redução de despesas na ordem de R$ 5 bilhões até 2028. O encerramento das atividades de mil agências próprias representa 16% da rede atual da estatal. A direção da empresa estima economizar R$ 2,1 bilhões com a medida e a venda de imóveis não operacionais. Os cortes devem atingir também os aportes em planos de saúde e previdência complementar dos funcionários para reduzir a rigidez orçamentária.
Os desligamentos voluntários devem ocorrer em duas etapas entre 2026 e 2027. O objetivo da gestão é adequar a força de trabalho à nova realidade do mercado postal e logístico. A universalização do serviço postal deve ser preservada conforme o cumprimento de regras constitucionais. Rondon destacou que a ponderação entre resultado financeiro e cobertura territorial deve orientar cada fechamento de ponto de venda.
Abertura de capital e mercado
A estatal avalia a possibilidade de transformar a estrutura societária em companhia de economia mista a partir de 2027. O modelo se assemelha ao adotado por empresas como a Petrobras e o Banco do Brasil. A abertura de capital surge como alternativa para atrair investimentos privados e modernizar a infraestrutura de tecnologia e logística. A concorrência agressiva do comércio eletrônico e a digitalização das comunicações aceleraram a necessidade de mudanças no modelo de negócio.
“A gente vai fazer a ponderação entre resultado financeiro das agências e o cumprimento da universalização para a gente não ferir a universalização ao fecharmos pontos de venda da empresa”, explicou o presidente dos Correios.
O representante da companhia comparou a situação brasileira com a crise enfrentada pelo serviço postal dos Estados Unidos (USPS). A empresa norte-americana também reportou prejuízos bilionários e anunciou medidas de austeridade recentemente. O plano brasileiro reafirma os Correios como ativo estratégico para a integração do território nacional. A eficiência operacional deve ser a prioridade para que a estatal retorne à lucratividade no longo prazo.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.












