Por Kleber Karpov
O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, afirmou nesta segunda-feira (15/Dez) que a instituição não leva em consideração a “estatura política de quem quer que seja” ao investigar desvios em emendas parlamentares. Em conversa com jornalistas em Brasília, Rodrigues disse que a PF deve apurar “todos os elos” relacionados à Operação Transparência, que mira o chamado “orçamento secreto”.
A Operação Transparência foi deflagrada na última sexta-feira (12 de dezembro) para investigar desvios no uso de emendas que impediam a identificação do padrinho político ou do beneficiário final do dinheiro. Essas emendas, como as de relator (RP9) e outras de comissão e bancada, configuram o modelo conhecido como orçamento secreto.
“Vamos com serenidade, seriedade e responsabilidade apurar todos os elos desse processo, a participação de quem quer que seja. Não estamos olhando para a estatura política, econômica, cultural, social”, disse o diretor da PF.
A operação teve como alvo principal uma servidora do Legislativo, Mariângela Fialek, conhecida como “Tuca”, que atuou como assessora próxima do deputado Arthur Lira (Progressistas-AL) quando ele presidiu a Câmara. Segundo a decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou as buscas e apreensões, as investigações apontam que a servidora exercia uma “atuação contínua, sistemática e estruturada” na organização e liberação do orçamento secreto.
“Então estamos investigando todas as etapas, se houve comprometimento na ponta, se houve intermediário, se houve parlamentar ou não. Investigamos com seriedade e serenidade. Vamos apurar todos os elos”, complementou Rodrigues.
Independência e crítica à “fulanização”
Andrei Rodrigues afirmou que a PF segue “inabalável a pressões políticas de quem quer que seja” e criticou a “fulanização” das investigações sobre as emendas parlamentares, negando que as apurações signifiquem uma “caça às bruxas” a determinado grupo político.
O diretor ressaltou que a PF se preocupa em “não criminalizar a emenda em si nem a atividade política”. Ele concluiu afirmando que “a emenda [parlamentar] é um instrumento legítimo, legal e que precisa ser utilizado com adequação às normas”.
Rodrigues aproveitou o encontro para criticar legisladores que se posicionam publicamente contra o crime organizado, mas, em momentos de votação, assumem uma postura contrária a projetos importantes.
“Não adianta ser duro no crime organizado, acabar com saidinha, e ao mesmo tempo não aprovar projetos importantes que tramitam no Congresso Nacional. Precisamos que o enfrentamento seja responsabilidade de todos”, disse.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.











