Por Kleber Karpov
Uma nova tecnologia médica, o dispositivo batizado de “Rapha”, foi desenvolvido pela professora Suélia Rodrigues, pesquisadora da Universidade de Brasília (UnB), e anunciado publicamente no início de outubro, em Brasília, Distrito Federal. O método de tratamento associa lâminas de látex natural e luz LED para acelerar a regeneração de tecidos, de modo a combater úlceras crônicas do pé diabético o que pode evitar amputações a vitimar cerca de 50 mil brasileiros anualmente.
A inovação é resultado de um trabalho de quase duas décadas de dedicação do Grupo de Engenharia Biomédica da UnB, coordenado pela professora Suélia Rodrigues e pelo pesquisador Adson Ferreira da Rocha. O equipamento é composto por dois elementos principais: um curativo feito com látex natural extraído da seringueira brasileira e um emissor móvel de luz LED de baixa intensidade.
O mecanismo de ação do “Rapha” se baseia na fototerapia, onde a luz LED estimula a regeneração celular e a formação de novos vasos sanguíneos na área afetada. Além disso, o curativo de látex atua como um biomaterial bioativo, otimizando o ambiente da ferida para um processo de cicatrização mais rápido do que os métodos convencionais disponíveis no Sistema Único de Saúde.
Como funciona
Na prática, a aplicação do dispositivo é considerada simples o que torna o tratamento viável para uso domiciliar, além de hospitalar. Após a limpeza correta da área, o profissional de saúde aplica a lâmina de látex diretamente sobre a úlcera e posiciona a fonte de luz LED por, aproximadamente, trinta minutos.
O curativo, então, deve permanecer no local por vinte e quatro horas. O processo é repetido diariamente, de acordo com as orientações clínicas. A facilidade de uso do aparelho, recarregável e portátil, representa uma alternativa para reduzir o custo e a demanda por internações hospitalares.
A motivação para o desenvolvimento do projeto surgiu de uma experiência pessoal da pesquisadora. A professora Suélia Rodrigues, representante da UnB no projeto, relatou que o sofrimento do pai, que enfrentava complicações decorrentes do diabetes, serviu de inspiração para unir a ciência à empatia no campo da saúde pública. O potencial do dispositivo para transformar a vida de milhões de pessoas é a principal força motriz por trás da continuidade da pesquisa.
“Nosso sonho é que ninguém mais precise perder um membro por falta de tratamento. O projeto mostra o poder da ciência brasileira quando se alia à sensibilidade humana — e como a dor pode, sim, ser o ponto de partida para uma grande transformação”, afirmou Suélia Rodrigues.
Apoio institucional
O dispositivo possui certificação de segurança do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e aguarda a etapa final de registro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Esta aprovação é crucial para que a produção possa ser iniciada em larga escala.
A produção industrial do equipamento será responsabilidade da empresa Life Care Medical, de São Paulo, que firmou uma parceria com os pesquisadores da Universidade de Brasília. O uso de insumos nacionais, como o bioativo da seringueira, garante a acessibilidade e estimula a cadeia produtiva local, incluindo a agricultura familiar.
O projeto conta com apoio financeiro e institucional do Ministério da Saúde, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) e da Finatec. Além disso, a senadora Leila Barros (PDT-DF) e a deputada Erika Kokay (PT-DF) destinaram emendas parlamentares para viabilizar as fases regulatórias da tecnologia.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










