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05 dez 2025 01:39

700 mil óbitos, Gonet: Gilmar Mendes expõe omissão e crimes durante pandemia da Covid -19 como resultado de autoritarismo

Ministro do STF joga luz sobre mortes investigadas pela CPI da Pandemia, engavetadas pelo ex-procurador Geral da República, Augusto Aras. Com pedido de revisão e a lidar com julgamentos do 8 de janeiro de 2023 e da tentativa de golpe de Estado, pedido de investigação de senadores que conduziram CPI, ainda peramanecem sem parecer de Paulo Gonet, atual PGR

Por Kleber Karpov

Ao rebater, neste domingo (7/Set), as acusações de que o Brasil vive uma “ditadura da toga”, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, lembrou uma das piores face do autoritarismo, ao lembrar as mais de 700 mortes por covid-19, durante a gestão do ex-presidente, Jair Messias Bolsonaro (PL/RJ). Mendes foi categórico a atribuir “milhares de mortos” as negligências deliberadas, na aquisição de vacinas, por parte de autoridades. Fala essa que joga luz sobre o pedido de reconsideração e indiciamento da apuração realizada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia da Covid-19 (2021), que pediu o indiciamento de 66 pessoas físicas e duas pessoas jurídicas, até o momento, engavetada na Procuradoria-Geral da República (PGR). 

Reprodução X (Antigo Twitter)

A anatomia do descaso

A referência de Mendes, não ocorre por acaso, uma vez que em 2021 a CPI da Pandemia teve ampla cobertura da imprensa, e não se baseou em abstrações. As investigações mergulharam em episódios concretos que revelaram ser uma estratégia deliberada de manter a exposição da população ao vírus, movida por interesses políticos e econômicos.

Importante resgatar, para o contexto, ao longo da pandemia do Coronavírus, Bolsonaro foi responsável por demitir ministros em dissonância com os interesses próprios. Dentre essas, as demissões dos ex-ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (16/Abr/2020) e  Nelson Teich (15/Mai/2020). Ocasião em que nomeou o então general da ativa, atual deputado federal, Eduardo Pazuello (PL/RJ) que permaneceu no cargo de 16 de maio de 2020 até 23 de março de 2021, ministro esse que teve como lema: “um manda e o outro obedece” ao se referir à ao ex-presidente. Esse, após ficar insustentável a manutenção no cargo, substituído pelo médico, cardiologista, Marcelo Queiroga.

Mudanças essas, em sua maioria, associadas a refutar, a importância do isolamento social, ou, mais grave, a adoção de medicamentos a exemplo da cloroquina, hidroxicloroquina, além de ivermectina e azitromicina, todas, sem comprovação científica da eficácia para tratar Covid-19, mas com aval, inclusive do Conselho Federal de Medicina (CFM), ao permitir aos médicos a prescrição de tais medicamentos para ‘tratar’ a doença.

Entre os casos mais emblemáticos estão:

CPI da Pandemia

O relatório final da CPI da Pandemia, apresentado pelo senador Renan Calheiros (MDB-Al), tem 1.180 páginas, e recomenda o indiciamento de 66 pessoas físicas e duas pessoas jurídicas – Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Finalizada em outubro de 2021, a CPI da Pandemia, presidida por Omar Aziz (PSD-AM), sob relatoria do senador Renan Calheiros (MDB-AL), resultou em uma investigação com o pedido de  indiciamento de 66 pessoas físicas e duas pessoas jurídicas.

O “Relatório Final”, denso à época entregue pelos membros da CPI ao então procurador-Geral da República (PGR), Augusto Aras — amplamente criticado por ‘engavetar’ demandas contrárias aos interesses do ex-presidente, Jair Messias Bolsonaro (PL/RJ) —, ficou no esquecimento. Após a posse do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a PGR  voltou a ser provocada por titulares da Comissão.

Senadores que participaram da CPI, como Omar Aziz e Randolfe Rodrigues, reuniram-se em março de 2025 com o procurador-geral Paulo Gonet para pedir o desarquivamento do caso. Segundo os parlamentares, Gonet sinalizou positivamente, afirmando que o trabalho da comissão seria “prestigiado” em sua gestão. Porém, desde então o relatório permanece engavetado.

O dilema de Gonet: entre o golpe e a pandemia

Caso esse em que se faz necessário ressalvar, ao que tudo indica, Gonet enfrenta um cenário de sobrecarga. O PGR atual, desde a posse em investigações sobre a trama golpista que culminou nos ataques de 8 de janeiro e que mantêm Bolsonaro e seu círculo mais próximo no centro das atenções, tanto no processo de investigações como, mais recentemente, de julgamento por parte do STF. Demandas que consomem boa parte dos recursos e do tempo da Procuradoria, por se tratar uma apuração complexa e prioritária para a estabilidade da democracia brasileira.

Esse contexto, porém, levanta um contraponto sobre a capacidade de a PGR, mesmo que Gonet decida reabrir o caso, de conduzir com a devida celeridade e profundidade uma investigação da magnitude daquela proposta pela CPI da Pandemia. Para familiares das vítimas e para uma parcela da sociedade, a justiça pelas mortes evitáveis não pode ser vista como uma pauta secundária, e a demora na responsabilização dos culpados representa uma ferida aberta a remoer que viu os entes as sem lançados a sete palmos de terra, muitos dos casos em mortes evitáveis, um perigoso precedente de impunidade.

Confira o Relatório Final da Pandemia:




Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894 Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.

 

 

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