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R$ 7,93 milhões “concorreram para a subtração” de Marli Rodrigues e familiares segundo o MPDFT

Com movimentação de cerca de R$ 1 milhão em intervalo de nove meses, Marli Rodrigues que teve demais envolvidos indiciados, segue com caso "sob apuração" sem indiciamento pela Polícia Civil. MPDFT aponta que convidados a se explicar, envolvidos por práticas criminosas "imputados informaram desinteresse em prestar esclarecimentos sobre os fatos no inquérito"

PUBLICADA EM 17/03/2023 ÀS 22H13 – ATUALIZADA EM 18/03/2023 ÀS 11H30

Por Kleber Karpov

Documento obtido por PDNews, fornecido pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), aponta que a presidente, interina, do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde do DF (SindSaúde-DF), Marli Rodrigues, parentes e um funcionário do Sindicato, “concorreram para a subtração” de R$ 7,93 milhões, ao contrário dos R$ 2 milhões da denúncia original. Em ação penal, proposta pelo MPDFT abrange a sindicalista. que em 11 meses movimentou, sozinha, ao longo de nove meses, R$ 1,09 milhão. Porém, sindicalista segue sem indiciamento por parte da Polícia Civil do DF (PCDF), uma vez que o nome no processo, ainda segue “sob apuração”.

R$ 7,9 milhões

No documento recebido por PDNews, de acordo com o MPDFT, entre os períodos de janeiro de 2011 e dezembro de 2012, Marli Rodrigues, a filha, Maria Luiza Rodrigues do Vale, o ex-esposo, Luiz Ribeiro Vale, o genro Hemerson Varlly Soares de Farias e o funcionário do SindSaúde-DF, “concorreram para a subtração, para si mesmos de aproximadamente R$ 7.936.78,76”.

Todos, “previamente ajustados e unidos pelo mesmo desígnio criminoso”, de acordo com o MP.  Tais movimentações, realizadas a partir de uma única conta-corrente de titulariadade do SindSaúde-DF, junto ao Banco de Brasília (BRB).

Fonte: MPDFT

O valor apontado por parte do MPDFT, supera em aproximadamente R$ 6 milhões, os R$ 2 milhões denunciados e, movimentados entre 1999 e 2013. Importâncias essas que, individualizadas apontam que somente Marli Rodrigues, movimentou R$ 1,09 milhões, ao longo de nove meses, entre entre 16 de fevereiro de 2011 e 29 de novembro do mesmo ano.

Maria Luiza, entre 08 de agosto de 2011 e 13 de março de 2013, movimentou R$ 492 mil; Luiz Vale, entre 14 de janeiro de 2011 e 11 de novembro de 2011 (R$ 162 mil), Farias por vez  entre 14 de janeiro de 2011 e 08 de fevereiro de 2012 (1,43 milhões) e Torres, funcionário do SindSaúde-DF, por sua vez, entre 10 de fevereiro de 2011 e 18 de dezembro de 2012 realizou a movimentação de 4,87 milhões.

Fonte: MPDFT

Tais importâncias, coincidem, com valores constantes no Inquérito Criminal, que levou parte do núcleo familiar de Marli Rodrigues, a ser indiciado pela PCDF, denúncias essas, aceitas por parte do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT).

Fonte: Draco II (Clique na imagem para ampliar)

 

Furto Qualificado

Para tanto, o MPDFT, apontou as práticas criminosas, que na última semana tiveram denúncias aceitas por parte do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT). Nela, o juiz de Direito, Osvaldo Tovani, retificou para “furto qualificado” a apuração que inicialmente investigava crimes de “lavagem de dinheiro” e correlatos.

Fonte: TJDFT

Medida essa, do juiz do TJDFT que coincide com o pedido de indiciamento, nas previsões de penas, baseadas no Artigo 155, § 4º, Inciso IV do Código Penal, em que, se condenados, podem ter imputados aos indiciados pena de reclusão de dois a oito anos, e multa, por furto praticado por duas ou mais pessoas.

Fonte: Jusbrasil, disponível em https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10619710/paragrafo-4-artigo-155-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940

Desinteresse em esclarecimentos

De acordo com o MPDFT, em relação as transferências ou saques realizados nas contas-correntes, “foram realizadas sem justificativa nem indicação de finalidade lícita.”. Vale ressaltar ainda, de acordo com o Órgão de Controle que, embora foram “oportunizadas suas oitivas”, porém, “os imputados informaram desinteresse em prestar esclarecimentos sobre os fatos no inquérito”.

Fonte: MPDFT

Eterna apuração?

O caso, em especial, após documento do MPDFT que ratifica processo que PDNews teve acesso, sobretudo, após indicação do Órgão de Controle por haver ‘desinteresse’ das partes envolvidas nas práticas criminosas, de esclarecer os desvios de recursos. Algo que, nas últimas semanas, com a evolução do caso tem causado diversos questionamentos entre advogados, servidores da Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF) e, em especial, aos sindicalizados do SindSaúde-DF.

Sobretudo, porque, para além dos quase R$ 8 milhões que levaram ao indiciamento do núcleo em torno familiar e, em torno de Marli Rodrigues, que segue sem indiciamento, também se soma outros escândalos;

O principal exemplo está relacionado a venda de precatórios do benefício-alimentação à Cia Toy Brinquedos, realizados em 2014, denunciados e com denúncia aceita pelo MPDFT em 2019 em que diversos servidores permanecem, após cinco anos, sem receber o que lhes é devido.

Importante observar que após reportagem de PDNews publicada na última semana, diversos sindicalizados e herdeiros, compareceram ao Órgão de Controle para acionar a Ouvidoria e informa que, passado cinco anos, permanecem sem receber os valores devidos. Fruto de uma ‘venda’ questionável, e questionada no MPDFT pelo servidor da SES-DF, Amarildo de Sousa Carvalho, publicada por TudoOK Notícias e repercutida por PDNews na reportagem intitulada ‘R$ 14,3 milhões: Marli Rodrigues é denunciada no MPDFT por desviar recursos de precatórios de sindicalizados do SindSaúde‘ (13/11/2019), além da PCDF e de conhecimento da Draco II.

Vale ressaltar que a Draco II, tem conhecimento, mais precisamente, de escrituras assinadas por Marli Rodrigues, uma no valor de R$ 34 milhões (06/12/2017), outra de R$ 4.810.530,84 (21/3/2018) e ainda de R$ 304.572,37 em 07/08/2020.

Fonte: PCDF

Sem indiciamento?

Sob essa ótica, dos questionamentos recorrentes recebidos por PDNews estão: or que todos os parentes que trabalhavam no sindicato foram indiciados, mas Marli Rodrigues, então diretora financeira, atual presidente do Sindicato, permanece ‘ilesa’? Será que pelas boas relações com entidades ligadas a polícia? Será que por boas relações com políticos, uma vez que chegou a ter a filha nomeada em gabinetes? Será que por ter facilidade de proximidade com gestores públicos?

Para PDNews, possivelmente Marli Rodrigues ainda seguem com outros escândalos correlatos, sob investigação. Mas, abre espaço para que as autoridades, se manifestem.

Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/Universidade de São Paulo (USP);

Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.

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