Após Moro deixar Ministério da Justiça e fazer acusações graves,  Bolsonaro se pronuncia para desmentir ex-ministro da Justiça

Por Kleber Karpov

O presidente Jair Bolsonaro se pronunciou, na tarde de sexta-feira (24), no Palácio do Planalto, ocasião em que rebateu as acusações do ex-ministro Sergio Moro, ao anunciar a demissão do Ministério da Justiça, após constatar a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Valeixo. Ao lado de ministros, Bolsonaro negou a tentativa de interferir em investigações da Polícia Federal (PF). Porém, o Jornal Nacional (JN), da Rede Globo, divulgou trechos de mensagens encaminhadas pelo mandatário do país ao então ministro.

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Bolsonaro fez referência às investigações sobre ter se tornado vítima de tentativa de assassinato sofrida, durante a campanha eleitoral de 2018, em contraponto as investigações da Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCRJ) sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (Mar/2018). O presidente alegou que Moro se preocupou mais com o caso Mariele que com o “chefe supremo”, ao se referenciar.

“Não são verdadeiras as insinuações de que desejaria saber sobre as investigações em andamento. Nos quase 16 meses em que esteve à frente do Ministério da Justiça, o senhor Sergio Moro sabe que jamais lhe procurei para interferir nas investigações que estavam sendo realizadas, a não ser aquelas, não via interferência, mas quase como uma súplica, sobre o Adélio [Bispo], o porteiro, e meu filho 04 [Jair Renan]”.

Bolsonaro citou também, a prerrogativa de nomeação de subordinados, previstos na lei n° 13.047/2014. “Falava-se em interferência minha na Polícia Federal. Ora bolas, se eu posso trocar o ministro, por que eu não posso, de acordo com a lei, trocar o diretor da Polícia Federal? Eu não tenho que pedir autorização para ninguém para trocar o diretor ou qualquer um outro que esteja na pirâmide hierárquica do Poder Executivo. Será que é interferir na PF quase que exigir, implorar [a] Sergio Moro que apure quem mandou matar Jair Bolsonaro? A PF de Sergio Moro mais se preocupou com Marielle [Franco, vereadora assassinada] do que seu chefe supremo? Cobrei muito dele isso daí, [mas] não interferi”, afirmou.

Jair Bolsonaro disse ainda que, enquanto presidente, tem o direito de recorrer a colaboradores do governo federal, inclusive a subordinados dos ministros. “O dia que eu tiver que me submeter a qualquer funcionário meu, eu deixarei de ser presidente da República. Falei para que ele que quero um delegado […] que eu possa interagir com ele. Por que não? Eu interajo com os órgãos de inteligência das Forças Armadas, eu interajo com a Abin [Agência Brasileira de inteligência], interajo com qualquer um do governo. Sempre procuro o ministro, mas numa necessidade, eu falo diretamente com o primeiro escalão daquele ministro”, afirmou.

Segundo Bolsonaro, Valeixo estava cansado o que motivou a troca de comando da PF. “Ele está cansado, está fazendo como pode o seu trabalho. Pessoalmente, não tenho nada contra ele. Conversei poucas vezes com ele durante um ano e quatro meses, sim, poucas vezes, mas conversei com ele, e a maioria das vezes estava o Sergio Moro do lado. Então, falei que no dia de hoje o Diário Oficial publicaria a exoneração do senhor Valeixo. E pelo que tudo indicava, uma exoneração a pedido.”

Veja a entrevista na íntegra

Moro contrapõe

Porém, em publicação no microblog Twitter, após o pronunciamento de Bolsonaro, Moro se contrapôs a Bolsonaro em relação a Valeixo. O ex-ministro da Justiça negou que o ex-diretor-geral da PF tivesse pedido demissão do cargo. “De fato, o diretor da PF Maurício Valeixo estava cansado de ser assediado desde agosto do ano passado pelo Presidente para ser substituído. Mas, ontem, não houve qualquer pedido de demissão, nem o decreto de exoneração passou por mim ou me foi informado”, postou.

No final da tarde, o Diário Oficial da União (DOU) também trouxe, em edição extra, uma nova publicação da exoneração de Maurício Valeixo da PF, desta vez sem a assinatura eletrônica de Sergio Moro, que constava na primeira versão do decreto.

Supremo

Também segundo Bolsonaro, o ex-ministro da Justiça condicionou a exoneração de Valeixo a uma indicação para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). “Já que ele falou em algumas particularidades, mais de uma vez o senhor Sergio Moro disse pra mim: você pode trocar o Valeixo sim, mas em novembro, depois que o senhor me indicar para o Supremo Tribunal Federal. Me desculpe, mas não é por aí. Reconheço as suas qualidades, em chegando lá, se um dia chegar, pode fazer um bom trabalho, mas eu não troco. Outra coisa, é desmoralizante um presidente ouvir isso”.

Também pelo Twitter, o ex-ministro rebateu o chefe do Executivo: “A permanência do Diretor Geral da PF, Maurício Valeixo, nunca foi utilizada como moeda de troca para minha nomeação para o STF. Aliás, se fosse esse o meu objetivo, teria concordado ontem com a substituição do Diretor Geral da PF”.

Provas

Outro desfecho importante, na crise criada por Bolsonaro, com a troca da direção da PF, ocorreu durante o Jornal Nacional. A reportagem mostrou com exclusividade, mensagem de Bolsonaro em que questionou matéria publicada em O Antagonista. O mandatário do país justificou ser “Mais um motivo para a troca” ao apontar a tentativa de derrubada de deputados bolsonaristas. Porém, embora a referência de Bolsonaro fosse à PF, Moro informou ao presidente, se tratar, na verdade, de investigação do STF, conduzida pelo ministro Alexandre Moraes.

Não estou a venda

Moro apresentou ainda, conversa em que a deputada federal, Carla Zambelli (PSL-SP), em que a parlamentar pediu para concordar com a indicação de “Ramagem”, ao se referir a Alexandre Ramagem, diretor geral da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), à direção-geral da PF.

A reportagem do JN, mostrou, entre as mensagens, a intenção da deputada tentar ajudar emplacar Moro no STF. “Eu me comprometo a ajudar”, acrescentou. “A fazer JB prometer“, postou Carla. Porém, por retorno o ex-ministro se limitou a responder “prezada, não estou à venda”.

Sobre o episódio em questão, Carla Zambelli publicou um video no Twitter, em que condenou a exposição da mensagem por Moro. A parlamentar questionou se a exposição da conversa “particular”, se tratava apenas de “trairagem”, ou se também se tratava de crime.

Com informações de Agência Brasil



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