Por Kleber Karpov
Uma pesquisa global apresentada neste sábado (30/Ago), durante Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia em Madri, indica que a vacina contra o herpes-zóster pode reduzir significativamente o risco de doenças cardiovasculares graves, como o acidente vascular cerebral (AVC). O estudo, de autoria do médico Charles Williams, da biofarmacêutica GSK, aponta que adultos de 18 a 50 anos vacinados tiveram uma queda de 18% no risco desses eventos, enquanto para pessoas com mais de 50 anos, a redução foi de 16%.
A revisão sistemática, que analisou 19 pesquisas publicadas sobre o tema, fortalece a posição da Sociedade Europeia de Cardiologia, que já considera a vacinação como o quarto pilar da prevenção médica cardiovascular, ao lado de terapias para hipertensão, colesterol e diabetes. No entanto, o próprio autor do estudo ressaltou a necessidade de mais análises para confirmar a associação. A comunidade médica brasileira, por sua vez, vê os dados com otimismo, mas também com a devida cautela.
Segundo Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), é preciso isolar outras variáveis para compreender o real impacto do imunizante. “A infecção viral não é o único fator desencadeante de doenças cardiovasculares. Então, é preciso separar esses fatores que podem confundir – como a obesidade, hipertensão, diabetes – para que a gente entenda, realmente, o papel da vacina nessa prevenção”, ponderou em entrevista à Agência Brasil.
Evidências crescentes

Apesar da necessidade de mais estudos, Kfouri confirma que a associação entre vacinas virais e a redução de eventos cardiovasculares não é nova. Ele cita o exemplo da imunização contra a gripe (influenza), que também diminui os riscos de infartos e AVCs ao prevenir a infecção. Para ele, a mesma lógica se aplica ao herpes-zóster.
“Evidências vão se acumulando, também, em relação à vacina do Zoster, que é um precipitador de eventos cardiovasculares a infecções. Consequentemente, a sua prevenção pode se traduzir em uma prevenção também para esses eventos cardiovasculares”, afirma o infectologista.
O inimigo e suas complicações
O herpes-zóster, ou “cobreiro”, é causado pela reativação do vírus Varicela-Zóster, o mesmo da catapora, que permanece latente no sistema nervoso. Acredita-se que, ao ser reativado, o vírus pode invadir vasos sanguíneos, gerando uma inflamação que leva a complicações circulatórias. Contudo, os danos da doença vão muito além do risco cardiovascular.
Renato Kfouri alerta para as graves consequências da infecção, que impactam severamente a qualidade de vida. “O herpes oftálmico, que pode levar a perda de visão. A neuralgia pós-herpética, que é muito mais comum com a idade [avançada]. Quanto mais idoso é o indivíduo, maior a chance de ele permanecer com dor. E dor é importante, o tratamento é difícil e, muitas vezes, impacta a qualidade de vida”, enumera.
Acesso e Custo no Brasil
No Brasil, a proteção contra o herpes-zóster ainda é para poucos. Disponível apenas na rede privada, o esquema vacinal completo, com duas doses, tem um custo total que varia entre R$ 1,7 mil e R$ 2 mil. O Ministério da Saúde solicitou em abril uma análise da Conitec para a possível incorporação da vacina no SUS, mas ainda não há um parecer técnico sobre a viabilidade da medida.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










