Por Kleber Karpov
Ministério da Saúde articula uma parceria com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ocular para padronizar o combate ao tracoma no país. A proposta visa normatizar procedimentos cirúrgicos para a triquíase tracomatosa, uma sequela grave da doença, e fortalecer o atendimento, especialmente em aldeias indígenas, onde novos casos têm sido registrados, com o objetivo final de eliminar o tracoma como problema de saúde pública.
A consultora técnica do ministério, Maria de Fátima Costa Lopes, detalhou que a parceria busca definir protocolos para técnicas cirúrgicas, cuidados pré e pós-operatórios e capacitação de oftalmologistas para atuar em áreas de difícil acesso. A união de esforços é vista como crucial pelas entidades médicas para superar o principal obstáculo atual: a falta de dados precisos sobre a doença no Brasil.
O desafio dos dados
Filipe Pereira, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ocular, vê a proposta com “os melhores olhos possíveis”, destacando que a colaboração é o único caminho. “Só um trabalho em conjunto mesmo pra dar conta”, afirmou. Ele ressalta a incerteza sobre o cenário epidemiológico da doença, que já foi considerada erradicada no passado.
“Tínhamos um diagnóstico de erradicação, algumas décadas atrás. Depois, foi visto que não era bem assim, que existia sim a doença ativa. Agora, os dados não estão tão precisos. A gente não tem um perfil epidemiológico dessa doença. A gente tem realmente que refazer, meio que recomeçar todo o mapeamento e toda a estruturação, pra poder mapear, tratar [a doença] e tratar sequelas”, completou Pereira.
Foco nas áreas remotas
A presidente do CBO, Vilma Lelis, aponta que o grande desafio da iniciativa é o fato de a maioria dos pacientes estarem em aldeias indígenas, o que exige uma logística complexa. “O acesso a eles para fazer o diagnóstico, e o acesso deles até um centro que faça tratamento têm peculiaridades. E essas peculiaridades, a gente está discutindo como resolver, para que seja eficiente esse caminho”, disse.
A estratégia, segundo Lelis, é criar uma rede de referenciamento para levar os casos diagnosticados aos especialistas. “Podemos buscar esses casos para que, depois, eles sejam referenciados para os nossos médicos oftalmologistas especialistas nesse padrão de tratamento”, explicou. Para ela, este é o primeiro passo para entender a real dimensão do problema. “Hoje, sabemos que existe tracoma no Brasil e que existem complicações do tracoma. À medida em que o tempo for passando e formos conseguindo obter esses dados […], vamos começar a ter uma certa noção de qual a prevalência dessa doença no nosso país”, concluiu.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










