Por Kleber Karpov
Uma pesquisa desenvolvida na Universidade de Brasília (UnB), com apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF), investiga o papel da enzima SETDB1 na progressão do câncer de mama, buscando novos caminhos para conter a metástase. O estudo, que utiliza técnicas avançadas de edição genética, se debruça sobre o tipo de câncer mais incidente entre mulheres no Brasil, com uma estimativa de mais de 73 mil novos casos por ano no país, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). No Distrito Federal, a projeção é de 1.030 novos casos anuais.
Apoiado pelo programa FAPDF Learning, o projeto busca compreender como a enzima SETDB1 atua em etapas críticas do avanço do tumor, como o crescimento descontrolado e a capacidade de migração das células cancerígenas. “Há evidências crescentes de que a SETDB1 regula vias associadas à metástase. Nosso objetivo é elucidar, com precisão, como a ausência dessa enzima altera o comportamento tumoral”, afirma a bióloga imunologista Ana Cristina Moura Gualberto, pesquisadora à frente do estudo no Laboratório de Patologia Molecular do Câncer da UnB.
O que é SETDB1
A SETDB1 é uma enzima que “liga” ou “desliga” genes por meio de um processo conhecido como modificação epigenética, alterando o funcionamento do gene sem mudar a sequência do DNA. Em tumores de mama e outros tipos de câncer, essa enzima frequentemente aparece desregulada, o que está associado a uma maior agressividade e potencial de metástase. Estudos mostram que a SETDB1 participa de mecanismos que desativam genes supressores de tumor e ativam outros ligados à proliferação celular.
“Tesoura genética” em ação
Para investigar a função da enzima, a pesquisa utiliza a técnica CRISPR/Cas9, uma espécie de “tesoura genética” capaz de cortar o DNA em pontos específicos para inativar o gene SETDB1 em células de câncer de mama. Com a função do gene eliminada, os cientistas comparam as células editadas com as não modificadas para observar mudanças no comportamento tumoral, incluindo a capacidade de proliferação, migração e invasão.
O diretor-presidente da FAPDF, Leonardo Reisman, ressalta a relevância da iniciativa. “Apoiar uma pesquisa que busca compreender mecanismos da metástase e abrir caminhos para novas terapias é investir não apenas em ciência de ponta, mas também em qualidade de vida e esperança para a população”, destaca.
Resultados e impacto futuro
A expectativa é que a eliminação da enzima SETDB1 reduza o potencial metastático das células tumorais. Os resultados podem indicar novos alvos terapêuticos e biomarcadores, abrindo caminho para o desenvolvimento de testes de diagnóstico baseados em epigenética e, no futuro, novas terapias personalizadas. A pesquisa, que une ciência de ponta e inovação, aproxima o conhecimento científico de soluções que podem impactar diretamente a prática clínica no combate ao câncer de mama.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










